Fósforo
Vou ficar quieto aqui no chão
Deitado em meus passos
Largos
Recolho as migalhas do pão
Visito os meus frascos trincados
Ainda que os meus cabelos
Chamejassem em Monschau
Me rosnam esses calos, careados
Entre o charco e o cristal
Como um retrato em construção
Acolho-me no assento e trago
Sorvendo o sopro do dragão
Do hierofante e o magistrado
Aqui, nesse intento, o meu rádio
Vou desligar, enfim
E o cigarro aziago
Vem paladar meu gim
Vou ficar certo de que não
Em nunca, nem em nada
Com você eu caibo
Vou ficar quieto aqui no chão
Soçobrará
Um fósforo queimado
Fósforo
Me quedaré quieto aquí en el suelo
Acostado en mis pasos
Largos
Recojo las migajas del pan
Visito mis frascos agrietados
Aunque mi cabello
Arda en Monschau
Estos callos me gruñen, curtidos
Entre el charco y el cristal
Como un retrato en construcción
Me acomodo en el asiento y traigo
Sorbiendo el aliento del dragón
Del hierofante y el magistrado
Aquí, en este intento, mi radio
Voy a apagar, al fin
Y el cigarrillo maldito
Viene a saborear mi gin
Estaré seguro de que no
En nunca, ni en nada
Contigo encajo
Me quedaré quieto aquí en el suelo
Se extinguirá
Un fósforo quemado
Escrita por: Cristiano Araujo / Marcelo Bulhões