Dolinha de 20
Eu sou de um tempo que veio
Logo depois do tempo do onça
Cresci ouvindo as boates
E olhando as mulheres na Carvalho de Mendonça
Se eu aprendi a viver foi na Duvivier e ali pelas tantas
Eu fui perdendo a vergonha
Fumando maconha na Rodolfo Dantas
Na Praça Arcoverde a minha coragem ficava covarde
Mas aprendi a domar o meu medo mais cedo que tarde
E o negócio é o seguinte
Dolinha de vinte no bolso da calça
Descendo a Ladeira do Leme
A lembrança não treme mas anda descalça
Perdido nos movimentos do Edifício 200
Entre coxas macias
Rua Barata Ribeiro
Brilhava o luzeiro na boca dos dias
Na Praça do Lido um velho mendigo
Soltava um muxoxo
E enquanto o dia raiava
A gente cantava na Belfort Roxo
Se o Rio é de Janeiro
Copacabana só começava em dezembro
Férias, verão, liberdade
Não sei se era assim mas é assim que eu lembro
Mas a praia onde aprendi a nadar
O progresso cobriu com um aterro
Como se a minha alegria de infância
Não passasse de um erro
Da piscina do Copa ao Beco da Fome
Era tudo verdade
Hoje tudo mudou, eu mudei
Pra bem longe, fui morar na saudade
Sou do Posto 2 e tanto tempo depois
Nessa vida cigana
Foi só me lembrar pra entender
Que eu nasci pra você, Copacabana
Dólar de 20
Soy de una época que vino
Justo después del tiempo de la onza
Crecí escuchando clubes
Y mirando a las mujeres en Oak de Mendonça
Si aprendí a vivir fue en Duvivier y allí para los muchos
Estaba perdiendo la vergüenza
Fumar marihuana en Rodolfo Dantas
En la Plaza Arcoverde mi coraje se volvió cobarde
Pero aprendí a domar mi miedo antes que tarde
Y esta es la cuestión
Veinte dólares en el bolsillo de los pantalones
Abajo el Yelmo Lill
La memoria no tiembla, sino que camina descalzo
Perdido en los movimientos del Edificio 200
Entre muslos blandos
Rua Barata Ribeiro
La luz brillaba en la boca de los días
En la Plaza del Lido un viejo mendigo
Me caería un muxoxo
Y cuando amaneció el día
Cantábamos en Belfort Roxo
Si Río es de enero
Copacabana sólo comenzó en diciembre
Vacaciones, verano, libertad
No sé si fue así, pero así es como lo recuerdo
Pero la playa donde aprendí a nadar
Progresos cubiertos con un vertedero
Como si mi alegría de la infancia
No fue más que un error
De la piscina de la Copa a la Callejón del Hambre
Todo era verdad
Hoy todo ha cambiado, he cambiado
Lejos, fui a vivir en nostalgia
Soy del Puesto 2 y mucho tiempo después
En esta vida gitana
Sólo me recordaron que entendiera
Que nací para ti, Copacabana
Escrita por: Daniel Conti / Alexandre Lemos