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Héroe Sin Medalla (part. José Camillo)

Daniel

Herói Sem Medalha (part. José Camillo)

Sou filho do interior
Do grande estado mineiro
Fui um herói sem medalha
Na profissão de carreiro
Puxando toras do mato
Com doze bois pantaneiros
Eu ajudei desbravar
Nosso sertão brasileiro
Sem vaidade eu confesso
Do nosso imenso progresso
Eu fui um dos pioneiros

Vejam bem como o destino
Muda a vida de um homem
Uma doença malvada
Minha boiada consome
Só ficou um boi mestiço
Que chamava lobisomem
Por ser preto igual carvão
Foi que eu lhe pus esse nome
Dali um tempo depois
Eu vendi aquele boi
Pros filhos não passar fome

Aborrecido com a sorte
Dali resolvi mudar
Em uma cidade grande
Com a família fui morar
Por eu ser analfabeto
Tive que me sujeitar
Trabalhar no matadouro
Para o pão poder ganhar
Como eu era um homem forte
Nuqueava o gado de corte
Pros companheiros sangrar

Veja bem a nossa vida
Como muda de repente
Eu que às vezes chorava
Quando um boi ficava doente
Ali eu era obrigado
Matar a rês inocente
Mas certo dia o destino
Me transformou novamente
Um boi da cor de carvão
Pra morrer nas minhas mãos
Estava na minha frente

Quando eu vi meu boi carreiro
Não contive a emoção
Os olhos encheram d'água
Meu pranto caiu no chão
O boi me reconheceu
E lambeu a minha mão
Sem poder salvar a vida
Do boi de estimação
Pedi a conta e fui embora
Desisti na mesma hora
Desta ingrata profissão

Héroe Sin Medalla (part. José Camillo)

Soy hijo del interior
Del gran estado de Minas
Fui un héroe sin medalla
En la profesión de carretero
Tirando troncos del monte
Con doce bueyes pantaneiros
Ayudé a explorar
Nuestro sertón brasileño
Sin vanidad confieso
De nuestro inmenso progreso
Fui uno de los pioneros

Miren cómo el destino
Cambia la vida de un hombre
Una enfermedad malvada
Mi ganado consume
Solo quedó un buey mestizo
Que llamaba lobisomem
Por ser negro como carbón
Fue que le puse ese nombre
Un tiempo después
Vendí aquel buey
Para que los hijos no pasaran hambre

Molesto con la suerte
Decidí cambiar
A una ciudad grande
Con la familia fui a vivir
Por ser analfabeto
Tuve que someterme
A trabajar en el matadero
Para poder ganar el pan
Como era un hombre fuerte
Desollaba el ganado de corte
Para que los compañeros sangraran

Mira cómo cambia nuestra vida
De repente
Yo que a veces lloraba
Cuando un buey se enfermaba
Allí estaba obligado
A matar a la res inocente
Pero un buen día el destino
Me transformó nuevamente
Un buey del color del carbón
Para morir en mis manos
Estaba frente a mí

Cuando vi a mi buey carretero
No contuve la emoción
Los ojos se me llenaron de agua
Mi llanto cayó al suelo
El buey me reconoció
Y lamió mi mano
Sin poder salvar la vida
Del buey de estima
Pedí la cuenta y me fui
Desistí en el mismo instante
De esta ingrata profesión

Escrita por: Sulino