395px

Aunque Tú No Puedas Ver

Denis Strog

Mesmo Que Você Não Possa Vêr

Eu guardo uma nave camuflada no quintal da minha casa
Como um sonho de Verne, a certeza na mente
No inverso kamikaze da minha paixão desenfreada
Escondo nos olhos entre o contato das lentes

O sinal é fraco e a luz é verde no meu modem
Meio ilhado, desacreditado, desbotando. . .
Tento acordar os motores com o combustível que me resta
E vejo na fresta o olhar da vizinha esperando. . .

Fecho meu corpo com água e sal
Juro verdades que eu nem acredito
Minto metades de verdades inteiras
Nego mentiras, pois nunca foram ditas

Eu sou uma nave camuflada no quintal da minha casa
Mesmo que você não possa ver, lá estou
Como um toco de cigarro na marquise que você não vê
Mas eu sei que está lá porque fui eu quem jogou

A frase submersa no lago que você não pesca
Eu sou a presa que você fisga e solta
Um peixe que você não compra porque não tem preço
Para todas as outras coisas, dinheiro

Eu tenho uma nave camuflada entulhando a minha casa
Não tenho mais quintal nem marquise
Queimei tudo nas decolagens sem rota
E meu cinzeiro já não comporta mais os filtros

Andei pensando,
Vou doar a nave para um asilo
A maturidade chega quando não se tem mais sonhos
E afinal de contas, o topa tudo não iria mesmo dar nada por ela

Aunque Tú No Puedas Ver

Guardo una nave camuflada en el patio de mi casa
Como un sueño de Verne, la certeza en mi mente
En el kamikaze inverso de mi pasión desenfrenada
Escondo en mis ojos entre el contacto de las lentes

La señal es débil y la luz es verde en mi módem
Medio aislado, desacreditado, desvaneciéndose...
Intento despertar los motores con el combustible que me queda
Y veo a través de la rendija la mirada de la vecina esperando

Cierro mi cuerpo con agua y sal
Juro verdades en las que ni siquiera creo
Miento mitades de verdades enteras
Niego mentiras, pues nunca fueron dichas

Soy una nave camuflada en el patio de mi casa
Aunque tú no puedas ver, ahí estoy
Como una colilla en el alféizar que tú no ves
Pero sé que está ahí porque fui yo quien la tiró

La frase sumergida en el lago que tú no pescas
Soy la presa que atrapas y sueltas
Un pez que no compras porque no tiene precio
Para todo lo demás, dinero

Tengo una nave camuflada abarrotando mi casa
Ya no tengo patio ni alféizar
Quemé todo en despegues sin rumbo
Y mi cenicero ya no puede contener más filtros

He estado pensando,
Voy a donar la nave a un asilo
La madurez llega cuando ya no tienes sueños
Y después de todo, el que todo lo acepta no habría hecho nada por ella

Escrita por: