Tempo de Carreiro
No tempo da mocidade eu trabalhei de carreiro
Com oito bois reforçados e também muito ligeiros
O sertão da Bernardina fui eu quem cruzou primeiro
Subindo serra e descendo
Lavando carga e trazendo de janeiro e janeiro!
A junta do cabeçalho, o "Letrado" e o "Faceiro"
Me dava muita firmeza na descida do changueiro
Eu fui um rapaz de gosto e falo sem exagero
Quando por lá eu passava
Uma cabocla me olhava sempre de olhos morteiros
Mais o tempo foi passando, o destino é traiçoeiro
Fiquei velho de repente sem patrão e sem dinheiro
Quanto tempo carreei nunca tive candeeiro
Meu grito de olá, olá
Ficou embargando à toa no chão do meu sul mineiro
Não vi mais meu velho carro, estimado companheiro
Por certo apodreceu, lá no fundo do mangueiro
A boiada foi pro corte nas mãos de algum açougueiro
Pra dizer bem a verdade
Só resta mesmo a saudade matando esse carreiro!
Tiempo de Carreiro
En la época de la juventud trabajé como carretero
Con ocho bueyes fuertes y también muy veloces
Fui yo quien cruzó primero el sertón de Bernardina
Subiendo y bajando la sierra
Transportando carga y trayendo de enero a enero
La yunta del cabezal, el 'Letrado' y el 'Faceiro'
Me daban mucha seguridad en la bajada del changüero
Fui un joven de buen gusto y hablo sin exagerar
Cuando pasaba por allí
Una mestiza me miraba siempre con ojos chispeantes
Pero el tiempo fue pasando, el destino es traicionero
Envejecí de repente sin patrón y sin dinero
Por mucho tiempo transporté sin tener lámpara
Mi grito de hola, hola
Quedó atascado en vano en el suelo de mi sur minero
Ya no vi mi viejo carro, estimado compañero
Seguramente se pudrió, allá en el fondo del corral
La manada fue al matadero en manos de algún carnicero
Para decir la verdad
Solo queda la añoranza matando a este carretero
Escrita por: Dino Franco / José Osvaldo