395px

Desfigurado

Felipe Cordeiro

Desfigurado

Mesmo que eu sinta as palavras
Daquele delírio
Daquele absinto
Daquela memória esquecida
Perdida no fluxo arrastado de estrelas

Exatas
Meu corpo é um ponto encorpado na
Esquina
Em meio às notícias de vidas sem corpo
Mulas sem cabeça
Sem vistas
Que a beça se enforcam em revistas

Inda que eu siga o rumo
Dos cafés noturnos do centro
Lá, onde os meninos
São o centro de tudo
São todos, no entanto

Um tanto confusos
Sozinhos, um bando
Estão tontos, sozinhos
Não posso seguir o destino do centro
Do tempo que curva o caminho
Do eu peregrino, em si um desatino

Eis que decido num espanto
Dar a meia volta
Riscar a avenida, traçar a medida
Do canto, do fausto
Cravar no asfalto a revolta, a guerrilha
E ao chegar em casa vou produzir versos

Em largas escalas
Romper com as escolas
Viver nas imagens já desfiguradas
Da minha figura

Desfigurado

Aunque sienta las palabras
De aquel delirio
De aquel absenta
De aquella memoria olvidada
Perdida en el flujo arrastrado de estrellas

Exactas
Mi cuerpo es un punto corpulento en la
Esquina
En medio de las noticias de vidas sin cuerpo
Muleros sin cabeza
Sin vistas
Que a montones se ahorcan en revistas

Aunque siga el rumbo
De los cafés nocturnos del centro
Allí, donde los chicos
Son el centro de todo
Son todos, sin embargo

Un tanto confundidos
Solos, una pandilla
Están mareados, solos
No puedo seguir el destino del centro
Del tiempo que curva el camino
Del yo peregrino, en sí un desatino

He decidido de repente
Dar la vuelta
Rayar la avenida, trazar la medida
Del canto, del lujo
Clavar en el asfalto la revuelta, la guerrilla
Y al llegar a casa voy a producir versos

En grandes escalas
Romper con las escuelas
Vivir en las imágenes ya desfiguradas
De mi figura

Escrita por: Felipe Cordeiro / Manoel Cordeiro