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Místico Fidedigno

Franklin Mano

Místico Fidedigno

Todo dia eu tenho o mesmo sonho
Lindo, simétrico e complexo,
Acordo em febre, e choro até não me lembrar,
Pois as manhãs que vêm a mim
Me dão à impressão de que tudo isso
É apenas mais um déjà vu em que vivo

Tanto já perdi, não tenho mais o que preciso,
Estou ferido, mas o motivo disso
Não consigo me lembrar,
E talvez seja melhor nem lembrar
Pois as marcas são as provas
Da frieza, da dureza a que fui arremetido

Sinto tanto frio
Que encolhido nos encontros
Das paredes de concreto eu me esquento
Como se fossem sedas de lençóis
Como se um corpo que eu conheço bem
Mas não me lembro quem
Esteve comigo

Em meio a lágrimas e soluços
O silêncio vem me conjugar
Premeditando que depois do fim
Sempre haverá uma recomeço
Mas sou tão incrédulo que não consigo acreditar
Pois os meus pulmões são meus pontos frágeis agora
E sinto uma intensa dor na coluna cervical e dorsal
No momento em que respiro

Tenho pouco tempo
E o tempo que tenho é menor do que preciso
Por isso não venha me roubar
Quando eu estiver distraído
Mentido pra mim sobre o que sinto
Diagnosticando o que esqueço
Diferenciando o mais do mesmo

Não é insensatez
Mas nos vaivens da existência
Volto a experimentar
Um trago, uma dose, um comprimido
Pois é o que eu encontro pra preencher todo o vazio
De tudo que olho, toco e não sinto,
Isso não é vício, ponto de fuga, nem abrigo
É o próprio descontrole tentando se controlar
Procurando uma alternativa
Que me mantenha em pé
Mesmo que sem forças, ainda vivo.

Meu sentimento é como o vento
Tudo toca, em tudo está,
Mas em nada permanece,
Entretanto não deixa de se movimentar
E de mover tudo que está a sua volta
Mesmo que não tenha mais sentido

Não é só o cisma de um signo zodiacal
É sagitário em metal regente de estanho
Meu perfume é sândalo-jasmim
Minhas pedras: quartzo rosa, safira e turquesa
Meu número de dita é dois antes do três
A fatalidade é da quarta pra quinta-feira
Em azul, rosa, amarelo, púrpura e violeta

E se isso for destino não sei
Não me lembro
E talvez seja melhor nem lembrar
Pois as marcas são as provas
De que já vivi, já senti
A carne ainda sabe de cor
Mas a alma não gostou das marcas
Talvez seja por isso que não me lembro...

Místico Fidedigno

Cada día tengo el mismo sueño
Hermoso, simétrico y complejo,
Despierto con fiebre y lloro hasta no recordar,
Porque las mañanas que vienen a mí
Me dan la impresión de que todo esto
Es solo otro déjà vu en el que vivo

He perdido tanto, ya no tengo lo que necesito,
Estoy herido, pero la razón de esto
No puedo recordar,
Y tal vez sea mejor no recordar
Porque las marcas son las pruebas
De la frialdad, de la dureza a la que fui arrojado

Siento tanto frío
Que encogido entre las esquinas
De las paredes de concreto me caliento
Como si fueran sedas de sábanas
Como si un cuerpo que conozco bien
Pero no recuerdo quién
Estuvo conmigo

Entre lágrimas y sollozos
El silencio viene a conjugarme
Previendo que después del final
Siempre habrá un nuevo comienzo
Pero soy tan incrédulo que no puedo creer
Porque mis pulmones son ahora mis puntos débiles
Y siento un intenso dolor en la columna cervical y dorsal
En el momento en que respiro

Tengo poco tiempo
Y el tiempo que tengo es menos del que necesito
Por eso no vengas a robarme
Cuando esté distraído
Mintiéndome sobre lo que siento
Diagnosticando lo que olvido
Diferenciando lo mismo de lo diferente

No es insensatez
Pero en los vaivenes de la existencia
Vuelvo a experimentar
Un trago, una dosis, una pastilla
Porque es lo que encuentro para llenar todo el vacío
De todo lo que veo, toco y no siento,
Esto no es adicción, punto de fuga, ni refugio
Es el propio descontrol intentando controlarse
Buscando una alternativa
Que me mantenga en pie
Aunque sin fuerzas, aún vivo.

Mi sentimiento es como el viento
Toca todo, está en todo,
Pero no permanece en nada,
Sin embargo, no deja de moverse
Y de mover todo lo que está a su alrededor
Aunque ya no tenga sentido

No es solo la obsesión de un signo zodiacal
Es sagitario en metal regente de estaño
Mi perfume es sándalo-jazmín
Mis piedras: cuarzo rosa, zafiro y turquesa
Mi número de la suerte es dos antes del tres
La fatalidad es de jueves a viernes
En azul, rosa, amarillo, púrpura y violeta

Y si esto es destino no sé
No recuerdo
Y tal vez sea mejor no recordar
Porque las marcas son las pruebas
De que ya viví, ya sentí
La carne aún recuerda de memoria
Pero el alma no disfrutó de las marcas
Tal vez por eso es que no recuerdo...

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