395px

Ás de Espadas

Gil Kafka

Ás de Espadas

Não
Eu não vesti esse manto negro
Só o puseram em mim e agora o carrego comigo
Vou levando
Não
Eu não pedi para estar preso
Mas é tão poderoso o teu feitiço
Não consigo esconder meu medo
Quando eu voltar à realidade consigo esquecer
Quem sabe talvez
Não se apavore
Só estou um pouco pior do que antes
Mas estou bem
Bem pior que triste
Bem pior
Vivo e morro ao compasso que o sol se põe
E amo e sou rejeitado tão rápido
Mas, tão rápido que as minhas lágrimas saem todas secas e sem cor
Como gosto de vê-las sem barulho,sem estalo
Marquei o relógio para dormir, não quero despertar
De agora em diante vou guardar meus segredos antes de te falar
Comigo eles ficam mais seguros
Comigo ainda posso contar
Ás vezes
Muitas
Poucas vezes
Devolva meu estojo de espadas e as deixe aqui comigo,afiadas
Me deixe as contemplar
De que vale ser um ás de espadas se sem elas sou nada
Um grande nada
Me deixe aqui, me deixe ficar
Me deixe sarar
Me deixe aqui, me deixe descansar
Me deixe comigo

Ás de Espadas

No
No me puse esta capa negra
Solo me la pusieron y ahora la llevo conmigo
Sigo adelante
No
No pedí estar encarcelado
Pero tu hechizo es tan poderoso
No puedo ocultar mi miedo
Cuando vuelva a la realidad podré olvidar
Quién sabe, tal vez
No te asustes
Solo estoy un poco peor que antes
Pero estoy bien
Mucho peor que triste
Mucho peor
Vivo y muero al ritmo en que el sol se oculta
Y amo y soy rechazado tan rápido
Pero tan rápido que mis lágrimas salen secas y sin color
Me gusta verlas sin ruido, sin estallido
He marcado el reloj para dormir, no quiero despertar
De ahora en adelante guardaré mis secretos antes de contártelos
Conmigo estarán más seguros
Conmigo aún puedo contar
A veces
Muchas
Pocas veces
Devuélveme mi estuche de espadas y déjalas aquí conmigo, afiladas
Déjame contemplarlas
¿De qué sirve ser un as de espadas si sin ellas no soy nada?
Un gran nada
Déjame aquí, déjame quedarme
Déjame sanar
Déjame aquí, déjame descansar
Déjame conmigo

Escrita por: Gil Kafka