395px

Perro Loco

Gil Lucas

Cachorro Louco

Finge que sou teu rebento
E conserva o teu passo ao meu lado
Como um signo sangrento
De um clã, periodicamente ligado
Cingi minha alma com um tento
E conserva em renúncias o nosso legado
Esse poema mesquinho e isento
Nada sabe do teu, ou do meu passado

Que sei do amor
Se em galhos e folhas
Feito beija-flor
Errei tantas escolhas
Que sei da dor
Se vivi numa bolha
Mudando sempre de cor
E bebendo o mundo sem rolha

Mas hoje eu acordei disposto
Não que até aqui tenha sido pouco
Mas, enfim, chegou agosto
O esperado mês do cachorro louco
Ela quer o meu fígado numa bandeja
Por mais triste que isso pareça
Eu dissolvo o órgão em cerveja
Muito antes que isso aconteça

Perro Loco

Finge que soy tu descendiente
Y conserva tu paso a mi lado
Como un signo sangriento
De un clan, periódicamente unido
Ciñe mi alma con un lazo
Y conserva en renuncias nuestro legado
Este poema mezquino e imparcial
Nada sabe de tu, o de mi pasado

Qué sé del amor
Si en ramas y hojas
Como colibrí
Erré tantas elecciones
Qué sé del dolor
Si viví en una burbuja
Cambiando siempre de color
Y bebiendo el mundo sin tapón

Pero hoy me desperté decidido
No es que hasta ahora haya sido poco
Pero, al fin, llegó agosto
El esperado mes del perro loco
Ella quiere mi hígado en una bandeja
Por más triste que eso parezca
Disuelvo el órgano en cerveza
Mucho antes de que eso suceda

Escrita por: Gil Lucas / Igor Daniel Borges