No Invernadão Das Poliangas
Fui eu que tapei de grito bem na costa do banhado
E vim cachorreando o gado junto a cerca da divisa
Clareava o dia e eu de a cavalo
Sei que a perca deste embalo faz falta pra quem precisa
Clareia o dia, no grito que firma a goela
Do peão da estância que buscava a volta dos fundos
Até o sereno das macegas se levanta
E o Sol troteiro sai da timba e vem pro mundo
Costeio a sanga e cruzo no passo do meio
Contemplo a calma da manhã que se arremanga
Um touro berra logo abaixo do saleiro
Qual fosse o dono do invernadão das poleangas
Estendo a vista e bombeio de ponta a ponta
Sigo ao tranquito enquanto a lida encordoa
Meto o cavalo num lote que ainda remancha
Gramiando quieto no costado da lagoa
Meto o cavalo num lote que ainda remancha
Gramiando quieto no costado da lagoa
Por isso abro meu peito e balanceio meu mouro
E levo por desaforo se ficar algum nas macegas
Sou peão de estância respeito a forma
A onde se enfrena as normas que o grito de bamo entrega
Sou peão de campo conheço bem o compasso
E não refugo quanto a volta se abaguala
Não é brinquedo lida com gado de cria
Onde o campeiro cura a bicheira e assinala
Mas pra este oficio fui parido e não me achico
Pois acredito que esse seja o meu destino
E andar no mundo empurrando algum fiador
E tirando balda de algum metido a malino
Sei que o meu mundo se resume a esse anseio
Que se destapa quando a manhã se arremanga
Mas me acho livre igual ao berro do touro
Que ecoa longe no invernadão das poleangas
In the Big Winter of the Poliangas
It was me who shouted loudly on the edge of the marsh
And I came herding the cattle along the boundary fence
The day was breaking and I on horseback
I know that the loss of this momentum is missed by those in need
The day brightens, in the shout that strengthens the throat
Of the ranch hand who sought the back corners
Even the dew of the grasses rises
And the wandering sun leaves the thicket and comes into the world
I follow the stream and cross at a moderate pace
I contemplate the calm of the morning that unfolds
A bull bellows just below the salt shaker
As if it were the owner of the big winter of the poleangas
I extend my gaze and survey from end to end
I follow quietly as the work unfolds
I put the horse in a pen that still limps
Quietly grazing on the edge of the pond
I put the horse in a pen that still limps
Quietly grazing on the edge of the pond
That's why I open my chest and sway my horse
And I take offense if anyone stays in the grasses
I'm a ranch hand, I respect the way
Where the rules that the shout of bamo delivers are faced
I'm a field hand, I know the rhythm well
And I don't hesitate when the work gets tough
It's no joke dealing with breeding cattle
Where the cowboy heals the wounds and marks
But for this job I was born and I don't back down
Because I believe this is my destiny
And to walk in the world pushing some cattle
And taking advantage of anyone acting smart
I know that my world is summed up in this longing
That reveals itself when the morning unfolds
But I feel free like the bellow of the bull
That echoes far in the big winter of the poleangas
Escrita por: Rogerio Villagran