395px

Caipira Chucro

Ivan e Júlio Compositores Raiz

Caipira Chucro

Já faz tempo que to na cidade, mas ainda estranho essa joça
Eu não me acostumo com isso, que saudade que tenho da roça
O meu trânsito era tranqüilo, pela estrada de chão na carroça
Mas aqui só tem é barulheira, vai e vem de carro se alvoroça
Feito ave que perdeu o ninho, tanta gente e me sinto sozinho
Recordando de minha palhoça

E as modas que tocam aqui, não entendo é só gritaria
É o retrato de uma bagunça, não tem letra não tem melodia
To achando que aqui na cidade a cultura virou baixaria
É o dinheiro criando artista, e artista que arte não cria
É uma curva de rio, só enrosco, realmente é coisa de louco
Cada louco com sua mania

Criticar meu jeitão de caipira, para mim é algo que não toca
Sou socado nos trancos da vida, de pancadas feito uma paçoca
Meu moleque agora só serve se pra ele eu comprar uma motoca
Minha filha só quer ir pro shopping, tira onda se acha dondoca
O negócio já quis desandar, não adianta a moçada chiar
Isso aqui não vai virar maloca

Até penso que minha patroa, tá na onda de algumas amigas
Vez em quando veste um negócio, é um troço que me dá fadiga
Me falou que é uma tal lingerie, me parece chamar cinta liga
Isso não quer dizer que não goste, perigoso é o mal que instiga
Vi que a coisa tá ficando feia, antes que me arroche a correia
Vou virar o arreio pra barriga

Caipira Chucro

Hace tiempo que estoy en la ciudad, pero aún me resulta extraño este lugar
No me acostumbro a esto, qué nostalgia siento por el campo
Mi tránsito era tranquilo, por el camino de tierra en la carreta
Pero aquí solo hay ruido, vaivén de carros que se alborotan
Como ave que perdió su nido, tanta gente y me siento solo
Recordando mi choza

Y las canciones que suenan aquí, no entiendo, solo es algarabía
Es el retrato de un desorden, no hay letra, no hay melodía
Creo que aquí en la ciudad la cultura se convirtió en vulgaridad
Es el dinero creando artistas, y artistas que no crean arte
Es una curva de río, puro enredo, realmente es de locos
Cada loco con su manía

Critican mi forma de ser caipira, para mí es algo que no me afecta
Estoy golpeado por los golpes de la vida, hecho pedazos como una paçoca
Mi hijo ahora solo sirve si le compro una motito
Mi hija solo quiere ir al shopping, se pavonea y se cree importante
La cosa estuvo a punto de descontrolarse, no sirve de nada que la juventud proteste
Esto no se va a convertir en un tugurio

Hasta pienso que mi esposa, está siguiendo la corriente de algunas amigas
De vez en cuando se pone una cosa, es algo que me cansa
Me dijo que es una tal lencería, me parece que se llama ligas
Eso no significa que no me guste, peligroso es el mal que incita
Veo que la cosa se está poniendo fea, antes de que me apriete la correa
Voy a darle la vuelta al arreo para la panza

Escrita por: Ivan Souza & Júlio César