Reclamar Pra Quê
Mais um dia, estou aqui, mais um tempo que venci, eu vou reclamar pra quê?
Se tenho onde dormir, roupa limpa pra vestir e alimento pra colher
Assim vou levando a vida, assim gosto de viver
Com bobagem não me iludo, se aqui já tenho de tudo, eu vou reclamar pra quê?
Se além de porco na ceva, tenho carne de reserva, eu vou reclamar pra quê?
Ovo frito, galinhada, batata doce assada, leite puro pra beber
Macaxeira e cambuquira que ajudam eu manter
Minha saúde perfeita no plantio e na colheita, eu vou reclamar pra quê?
Se aqui tenho de montão, frutas de cada estação, eu vou reclamar pra quê?
Tenho ervas pra acalmar outras pra revigorar, é questão de conhecer
Tem tanta coisa na horta, que demoro pra escolher
Entre os temperos então, levo pimenta e açafrão, eu vou reclamar pra quê?
Da paineira no terreiro tem paina pro travesseiro, eu vou reclamar pra quê?
Do milho isso não falha, eu aproveito a palha para o meu colchão encher
Água fresca na moringa, na sombra de um pé de ipê
Trabalho neste ambiente que o Pai me deu de presente, eu vou reclamar pra quê?
E se hoje vai chover ou é sol que vai fazer, eu vou reclamar pra quê?
Se a chuva mansa cair, se o brilho do sol surgir tenho é que agradecer
Eu só faço minha parte, assim tento merecer
Eu só luto não lamento, Deus me conhece por dentro, eu vou reclamar pra quê?
¿Para qué quejarse?
Otro día más, aquí estoy, otro tiempo que he vencido, ¿para qué quejarme?
Si tengo donde dormir, ropa limpia para vestir y alimento para recoger
Así sigo llevando la vida, así me gusta vivir
No me ilusiono con tonterías, si aquí lo tengo todo, ¿para qué quejarme?
Si además de cerdo en la comida, tengo carne de reserva, ¿para qué quejarme?
Huevo frito, pollo guisado, batata asada, leche pura para beber
Yuca y calabaza que me ayudan a mantener
Mi salud perfecta en la siembra y la cosecha, ¿para qué quejarme?
Si aquí tengo de sobra, frutas de cada estación, ¿para qué quejarme?
Tengo hierbas para calmar, otras para revitalizar, es cuestión de conocer
Hay tantas cosas en el huerto, que tardo en elegir
Entre las especias, llevo pimienta y cúrcuma, ¿para qué quejarme?
Del árbol de la paina en el patio, tengo almohada de paina, ¿para qué quejarme?
Del maíz, eso no falla, aprovecho la paja para llenar mi colchón
Agua fresca en la moringa, a la sombra de un árbol de lapacho
Trabajo en este entorno que Dios me regaló, ¿para qué quejarme?
Y si hoy va a llover o va a hacer sol, ¿para qué quejarme?
Si la lluvia suave cae, si brilla el sol, tengo que agradecer
Solo hago mi parte, así intento merecer
Solo lucho, no me lamento, Dios me conoce por dentro, ¿para qué quejarme?