395px

Ferreirinha

Jack e Jango

Ferreirinha

Eu tinha um companheiro
Por nome de Ferreirinha
Que lidava com boiada
Desde nós dois rapazinho

Fomos buscar um boi bravo
No campo do Espraiadinho
Era vinte e oito quilômetros
Retirado de Pardinho

Nós chegamos no tal campo
Cada um seguiu pra um lado
Ferreirinha foi num potro
Redomão muito cismado

Já era de tardezinha
Eu já estava bem cansado
Não encontrava o Ferreirinha
E nem o tal boi arribado

Naquilo avistei o potro
Que vinha vindo assustado
Sem arreio e sem ninguém
Fui vê o que tinha se dado

Encontrei o Ferreirinha
Numa restinga deitado
Tinha caído do potro
E andou pros campo arrastado

Quando avistei Ferreirinha
Meu coração se desfez
Eu rolei do meu cavalo
Com tamanha rapidez

Chamava ele por nome
Chamei duas ou três vezes
E notei que estava morto
Pela sua palidez

Pra levar meu companheiro
Veja o quanto padeci
Amarrei ele pro peito
E numa árvore suspendi

Cheguei meu cavalo embaixo
E na garupa desci
Com o cabo do cabresto
Amarrei ele ne mim

Saí pela estrada afora
Tão triste e tão amolado
Era um frio de mês de junho
Seu corpo estava gelado

Era mais de meia-noite
Quando cheguei no povoado
Deixei na porta da igreja
E fui chamar o delegado

A morte deste rapaz
Mais do que eu ninguém sentiu
Deixei a lida de gado
Minha inclinação sumiu

Quando lembro esta passagem
Franqueza me dá arrepio
Parece que a friagem
Das costas ainda não saiu

Ferreirinha

Tenía un compañero
Llamado Ferreirinha
Que trabajaba con el ganado
Desde que éramos jóvenes

Fuimos a buscar un toro bravo
En el campo de Espraiadinho
Estaba a veintiocho kilómetros
Alejado de Pardinho

Llegamos al campo
Cada uno siguió su camino
Ferreirinha fue en un potro
Muy testarudo

Ya era tarde
Yo estaba muy cansado
No encontraba a Ferreirinha
Ni al toro rebelde

Vi al potro
Que venía asustado
Sin silla y sin nadie
Fui a ver qué había pasado

Encontré a Ferreirinha
Tirado en un claro
Había caído del potro
Y había sido arrastrado por el campo

Cuando vi a Ferreirinha
Mi corazón se rompió
Caí de mi caballo
Con gran rapidez

Lo llamaba por su nombre
Lo llamé dos o tres veces
Y noté que estaba muerto
Por su palidez

Para llevar a mi compañero
Mira cuánto sufrí
Lo ate a mi pecho
Y lo colgué de un árbol

Llegué abajo de mi caballo
Y bajé de la grupa
Con la rienda
Lo ate a mí

Salí por el camino
Tan triste y abatido
Era un frío mes de junio
Su cuerpo estaba helado

Era más de medianoche
Cuando llegué al pueblo
Lo dejé en la puerta de la iglesia
Y fui a buscar al delegado

La muerte de este muchacho
Más que nadie la sintió
Dejé el trabajo con el ganado
Mi inclinación desapareció

Cuando recuerdo este pasaje
Siento un escalofrío
Parece que el frío
De la espalda aún no se ha ido

Escrita por: Carreirinho