Lisboa à Noite

Lisboa adormeceu, já se acenderam
Mil velas, nos altares das colinas
Guitarras pouco a pouco emudeceram
Cerraram-se as janelas pequeninas

Lisboa dorme um sono repousado
Nos braços voluptuosos do seu Tejo
Cobriu-a a colcha azul do céu estrelado
E a brisa veio a medo, dar-lhe um beijo

Lisboa
Andou de lado em lado
Foi ver uma toirada
Depois bailou, bebeu
Lisboa
Ouviu cantar o fado
Rompia a madrugada
Quando ela adormeceu

Lisboa não parou a noite inteira
Boémia, estouvada, mas bairrista
Foi à sardinha assada lá na feira
E à segunda sessão duma revista

Dali, p'ro Bairro Alto, enfim galgou
No céu, a Lua cheia refulgia
Ouviu cantar o fado, e então sonhou
Que era a saudade aquela voz que ouvia

Lisboa por la noche

Lisboa se quedó dormido, ya iluminado
Mil velas, en los altares de las colinas
Guitarras poco a poco mudos
Las pequeñas ventanas estaban cerradas

Lisboa duerme un sueño reparador
En los brazos voluptuosos de tu Tajo
La cubría la colcha azul del cielo estrellado
Y la brisa entró en miedo, dale un beso

Lisboa
Wrode de lado a lado
Fui a ver una toirada
Luego bailó, bebió
Lisboa
Oído cantar el fado
Rompe el amanecer
Cuando se quedó dormida

Lisboa no ha parado en toda la noche
Bohemia, estoy hinchada, pero la frontera
Fue a las sardinas asadas en la feria
Y la segunda sesión de una revista

Desde allí, al Bairro Alto, finalmente montó
En el cielo, la luna llena refulgaba
Oyó cantar Fado, y luego soñó
Que era el anhelo de esa voz que oí

Composição: Carlos Dias / Fernando Santos