Contempla Tua Obra
Bem vindo outono seco das nossas almas
Que nos desfolhamos contra um tempo tão escuro
Se já não nos aquietamos sob as águas calmas
Bebemos o gosto amargo desse vão futuro
Os ouvidos tampados pelo ranger dos dentes
Entoa aos cuspes, o mau agouro em poesia
Gritam por entre pilhas de cadáveres, contentes
A falsa cura envenenada, barbara fantasia
Um brinde à volta ao passado! Um salve ao escárnio à granel!
Três vivas ao acaso pensado! Rasgue a carne como fosse papel
Eis que a história leva o best-seller de ficção
Mãos podres reescrevem o certo em tortas linhas
Caudalosas tintas, colorem do rubro que são
O desgraçado farelo pra a engorda das galinhas
Agora te completa, o corpo inteiro, com ódio reluzente
Subjuga, aos teus pés, o que não te cabe ou desconhece
Faz das suas necessidades a lei cega inconsequente
E a sua particular divindade há de eleger quem padece
Um brinde à verdade de vime! Um salve ao mórbido desejo!
Três vivas aos comparsas desse crime! Abram alas, boas vindas ao cortejo!
Contempla Tu Obra
Bienvenido otoño seco de nuestras almas
Que nos deshojamos contra un tiempo tan oscuro
Si ya no nos aquietamos bajo las aguas tranquilas
Bebemos el sabor amargo de ese vano futuro
Los oídos tapados por el rechinar de los dientes
Entonan a los escupitajos, el mal agüero en poesía
Gritan entre pilas de cadáveres, contentos
La falsa cura envenenada, bárbara fantasía
¡Un brindis al regreso al pasado! ¡Salve al escarnio a granel!
¡Tres hurras al azar pensado! Rasga la carne como si fuera papel
He aquí que la historia lleva el best-seller de ficción
Manos podridas reescriben lo correcto en torcidas líneas
Caudalosas tintas, colorean de rojo que son
El desgraciado migajón para engordar a las gallinas
Ahora te completas, el cuerpo entero, con odio reluciente
Somete, a tus pies, lo que no te cabe o desconoce
Haz de tus necesidades la ley ciega inconsecuente
Y tu particular divinidad ha de elegir quién padece
¡Un brindis a la verdad de mimbre! ¡Salve al mórbido deseo!
¡Tres hurras a los cómplices de este crimen! ¡Abran paso, bienvenidas al cortejo!
Escrita por: Léo Nascimento E Paulo Valle