395px

Peón Jubilado

Luis Carlos e Fabiano Rancharia

Peão Aposentado

A minha espora tá enferrujada
A minha traia já empoeirou
Eu já não vejo a estrada boiadeira
Pois o asfalto o seu lugar tomou
Tem um bom tempo que eu vendi meu burro
Fiquei a pé eu e a solidão
Som de berrante hoje é um sussurro
Dentro da mente deste velho peão

Fico sentado no banco da praça
Jogando truco pra espairecer
Tudo que fui hoje virou fumaça
Essa velhice só me faz sofrer
Eu que aguentava pulo de boi bravo
Já não suporto nem um tropeção
Hoje não valho mais nenhum um centavo
Daqueles tempos é só recordação

Eu tinha tropa tinha comitiva
Ganhei respeito por onde eu andei
Dentro de mim ainda estão vivas
Aquelas glórias que eu conquistei
Minha família era a boiada
E o meu parceiro era o ruano
Agora vivo sozinho sem nada
Sou folha seca no chão cuiabano
Agora vivo sozinho sem nada
Sou folha seca no chão cuiabano

Eu sou mais um peão aposentado
No meu passado eu já fui um pioneiro
Mas hoje quem me vê nem imagina
Que este velho já foi um boiadeiro

Peón Jubilado

Mi espuela está oxidada
Mi equipamiento ya se ha llenado de polvo
Ya no veo el camino de los vaqueros
Porque el asfalto ha ocupado su lugar
Hace tiempo que vendí mi burro
Me quedé a pie, solo con la soledad
El sonido del cuerno hoy es un susurro
Dentro de la mente de este viejo peón

Me siento en el banco de la plaza
Jugando truco para despejarme
Todo lo que fui hoy se ha desvanecido
Esta vejez solo me hace sufrir
Yo que aguantaba los saltos de los toros bravos
Ya no soporto ni un tropezón
Hoy no valgo ni un centavo
De aquellos tiempos solo queda el recuerdo

Tenía tropa, tenía comitiva
Gané respeto por donde pasé
Dentro de mí aún están vivas
Aquellas glorias que conquisté
Mi familia era el ganado
Y mi compañero era el alazán
Ahora vivo solo, sin nada
Soy una hoja seca en el suelo de Cuiabá
Ahora vivo solo, sin nada
Soy una hoja seca en el suelo de Cuiabá

Soy solo un peón jubilado
En mi pasado fui un pionero
Pero hoy quien me ve ni siquiera imagina
Que este viejo fue alguna vez un vaquero

Escrita por: Alonso Flores / Rancharia