Não Existe Molhado Igual ao Pranto

Não se escuta na terra quem for santo
Não se encobre um só rosto com dois mantos
Não se cura do mal quem só tem pranto
Nenhum canto é mais triste que o final

Não se ouve nos ares nenhum canto
Nem nos cantos da noite nenhum grito
Não se mata o que é feio com o espanto
Não se chora ou agoura o que é bonito

Não se pode entender sabendo pouco
Não se dá nota aguda estando rouco
Não se encontra o que é duro aonde é oco
Nem silêncio onde só existe o grito

No hay mojado como un mojado

Nadie escucha en la tierra a nadie que es santo
No cubres una cara con dos túnicas
No puedes sanar del mal que sólo lloran
Ningún canto es más triste que el final

No se oye en el aire ninguna esquina
Ni en las esquinas de la noche ningún grito
No matas lo feo con asombro
No llores o ahora lo que es hermoso

No puedes entender sabiendo poco
No obtienes una nota aguda cuando estás ronca
No puedes encontrar lo que es difícil donde está hueco
No hay silencio donde sólo hay el grito

Composição: Lula Côrtes / Zé Ramalho