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Depurar

RAPadura Xique-Chico

Expurgo

[Diomedes Chinaski]
De um lado um público jovem
Maldita massa despolitizada
Às vezes uns tão radicais, mas
Base teórica nada
Nunca invejei ninguém
Na verdade ataquei a estrutura
Uma grande manobra arriscada
Como Bukowski em literatura
Chinaski, o aprendiz
Filho de Lula, não de Ustra
Fui infeliz atacando MC's? Não!
Questionei a indústria!
Direto do gueto, do gueto, do gueto, do gueto, do gueto, do gueto!
Riqueza pro gueto
Riqueza pros preto
Uma vida melhor e mais justa!
Os irmãos tão morrendo por uma bermuda
Um boné, um par de tênis
Triste, né? Querem se matar?
Então que matem Michel Temer!
Em 2009 e eu fazendo isso
Ainda tenho pela frente uma carreira imensa
E se tu acha que eu não acho que isso é compromisso
Vou provar que sou maior do vocês pensam!
Sou maior que Facebook, Instagram e Tumblr!
As treta de internet tá gerando hype
Nessas ruas meus amigos morrem de verdade
E o poeta cantador é válvula de escape
Sem tempo pra conversar água, trajetória amarga
Finalmente pra agonia estou vendo saída!
Só sei que daqui pra frente aguento a carga!
Mais que música essa porra é história de vida!

[Nissin]
Hey jow! (Ó!)
Medo, clareza e poder
O medo é o primeiro passo
Que ocupa o espaço reluzente na sua frente que não te deixa ver
A falta do medo também é perigosa
Esquece do espinho quando segura a rosa
Segura acelerador na curva sinuosa
Vida loca, vida dura, vida cabulosa
A clareza ilumina
Te traz confiança nas rimas
Mas clareza em excesso também cega
E normalmente é isso que determina
A clareza vem quando passa o medo
Por isso gênios enlouquecem muito cedo
A clareza vem trazendo o poder
De ver tudo através do seu espelho
(Ó!)
Tudo muda com o poder
Você pode ir, você pode ter
Todos vão te ouvir, também te querer
E outros vão tramar pra poder te foder
Mas querer não é poder, só se for com amor
Por isso o poder é transformador
Trazendo a água que rega a flor
Não vem jogar sua merda no meu ventilador!
Propósito inflexível, espírito inabalável
Instinto incompreensível, caráter inquestionável
Os milagres acontecem à margem do impossível
Como água fura a pedra, mas também é maleável?
Como vento invisível com força incomparável?
Como fogo inflamável em volta do combustível
É fácil ser temível, difícil é ser amável!
Eu vi o esforço dos mano
Pra fazer o sonho possível
Não cuspa no prato dos outros
Crescer assim é bem mais difícil
Como Beethoven era surdo
E fazia grandes sinfonias?
Como Dali era louco
E pintava grandes obras primas?
Se eu for falar mal de alguém
Eu falo mal dos políticos!
Do sistema escolar, hospitalar
Que continua em estado crítico
Cê não viu como acabou Tupac?
Cês tão querendo ser Notorious
Os gangsters de internet
Viram ratos de laboratório

[Rapadura]
Piedade meu senhor, eles não sabem o que fazem!
Piedade meu senhor, eles não sabem o que fazem!
Piedade meu senhor, eles não sabem o que fazem!
Piedade meu senhor, eles não sabem o que fazem!

[Baco Exu dos Blues]
Exu abre caminho
Cê fala que ele é vilão!
Heróis morrem de overdose enquanto eu respirar, fila da puta
Vou ser vilão!
Faz de MCs divindades!
Tenho dívidas pra pagar, foda-se sua vaidade!
Foda-se seu backstage
Foda-se sua vaidade!
Riram do meu sotaque, Sulicídio não foi um ataque
Foi um foda-se ao público
Esses moleque não são de verdade, porra!
Não são de verdade!
Amam MCs e não o hip-hop!
Você ama o rap? Prove!
Em 1999 Lauryn Hill já pensava em mim cantando 99 999
Que meu verso te toque de alguma maneira
Mas, fila da puta, cê jamais me toque!
Foque, antes que isso te sufoque!
Dê a Cesar o que é de Cesar
Seja o dano
Mate Cesar, comemore no Passo Romano
Meus irmãos transam com a guerra
E ela está enjoando!
Favela está menstruando!
E eu cansando
Enjoado de dar gole ao santo
Sou o meu próprio santo, então esse é meu gole
Engulo o álcool e o álcool me engole!
Me dê ouvido ou me dê outro gole!
O rap me faz
E faço rap até que ele me degole
Ou me dê outro gole!
Rap, eu não sou seu inimigo
Hoje em dia fã boys se masturbariam no xvideos assistindo o crucificar de Cristo
Eu sou Bahia, preto, sou Salvador, mas não sou o seu Cristo!
Rap sou preto, sou Salvador, mas não sou o seu Cristo!

[Rapadura]
Antes de vomitar sobre a voz
Engunha, menino! Peça bênção aos nordestinos que são seus pais e avós!
Antes de arrotar sobre o algoz
Engula esse hino a regência dos clandestinos nas capitais em arrebóis
Pontos vitais dos cafundós do Capibaribe
Os meus cristais vem dos lençóis lá de Beberibe
Quem garante que o rap e sua foz
Veio dos seus canais
Se nos sertões, lá atrás
Desaguavam Jamaica e Caribe?
Contesto o contexto de outrora, arriégua!
Remexo o eixo, o desfecho, o texto devora
Sem trégua!
Ponho a vida em linhas
Minha oratória aqui quebra a régua
Submeto tua glória e ponho toda história em uma légua
Como uma esfera do ventre da velha escola
Tô entre agora a artéria e a dor sempre que ela incorpora
O que vem de fora é foda, pra gente é moda presente
Mas antes já existia o repente, a prosa e a viola
Agora aqui promovem a ignorância dos nossos
Dizendo que a seca e a miséria são apenas mazelas, fatores históricos
Envolvem intolerância e destroços
Descaso incita a quimera
Incinera a matéria e os rumores folclóricos
Ergui teu concreto e vivi no abstrato
Ergui o teu teto e o teu ar de distrato
Que em mim desconta!
Perdi filho e neto no meu chão de mato
Perdi todo afeto vivendo o mal trato
Não há nada que pague sua conta
Sou pássaro entre semáforos
Mais rápido que a ascensão dos bárbaros
E os declives de cunha
Rasgando a diáspora
Conteúdo mais áspero que os sertões e os áridos
De Euclides da Cunha
Se lembra daquelas conversas
Te disse que a inércia só pregaria peças inversas
Para os bons desempenhos
Atravesso travessas
Sou o pagador de promessas já paguei todas elas
E até hoje ainda pago pelos dons que eu tenho
Por vim de onde venho e ter a cabeça chata
É muita inteligência, a mente pequena, parte se achata
Me deixam de bucho vazio, venço o desafio
Minha escrita é farta alimento a alma e nada me falta
Nada me empata!
Sou fera nativa do vão da maré
E tenho a pata ativa no chão do Assaré
Tua rima vem da cidade em construção
Não tenho estudo, nem arte, minha rima faz parte das obras da criação
Seria muita prepotência dizer que eu represento o nordeste
A causa é bem maior que o CEP e que o rap
Sou apenas adubo dos corpos celestes, que a terra aqui veste
O calor me fizeste como o agreste dos mestres
Se o Brasil é arvore que exponha sua matriz!
Nordeste quebra o mármore pois sempre foi sua raiz!
Negar isso é burrice é tolice de todo um país!
Sem disse-me-disse pois depois disso não tem mais diss!

Depurar

[Diomedes Chinaski]
De un lado, un público joven
Maldita masa despolitizada
A veces tan radical, pero
Base teórica nada
Nunca envidié a nadie
En realidad ataqué la estructura
Una maniobra grande y arriesgada
Como Bukowski en la literatura
Chinaski, el aprendiz
Hijo de Lula, no de Ustra
¿Tuve mala suerte de atacar a los MC? ¡No!
¡Cuestioné la industria!
¡Directamente del gueto, del gueto, del gueto, del gueto, del gueto, del gueto!
Riqueza para el gueto
Riqueza para los negros
¡Una vida mejor y más justa!
Los hermanos se mueren por un par de pantalones cortos
Una gorra, un par de zapatillas
Triste, ¿verdad? ¿Queréis mataros el uno al otro?
¡Entonces maten a Michel Temer!
En el 2009 y estoy haciendo esto
Todavía tengo una gran carrera por delante
Y si piensas que no creo que esto sea un compromiso
¡Te demostraré que soy más grande de lo que crees!
¡Soy más grande que Facebook, Instagram y Tumblr!
El caos en Internet está generando revuelo
En estas calles realmente mueren mis amigos
Y el poeta cantante es una válvula de escape
No hay tiempo para hablar de agua, camino amargo
¡Por fin veo una salida a la agonía!
¡Sólo sé que a partir de ahora puedo soportar la carga!
¡Más que música, esta mierda es una historia de vida!

[Nissin]
¡Hola Jow! (¡EL!)
Miedo, claridad y poder
El miedo es el primer paso
Eso ocupa el espacio brillante frente a ti que no te deja ver
La falta de miedo también es peligrosa
Olvida la espina cuando sostienes la rosa
Mantenga el acelerador en la curva sinuosa
Vida loca, vida dura, vida loca
La claridad ilumina
Te da confianza en las rimas
Pero demasiada claridad también ciega
Y eso es lo que suele determinar
La claridad llega cuando el miedo pasa
Por eso los genios se vuelven locos tan pronto
La claridad trae poder
Ver todo a través de tu espejo
(¡EL!)
Todo cambia con el poder
Puedes ir, puedes tener
Todo el mundo te escuchará y también querrá que lo hagas
Y otros conspirarán para poder follarte
Pero querer no es poder, sólo si es con amor
Por eso el poder es transformador
Trayendo el agua que riega la flor
¡No vengas a tirarle tu mierda a mi fan!
Propósito inquebrantable, espíritu inquebrantable
Instinto incomprensible, carácter incuestionable
Los milagros ocurren al borde de lo imposible
¿Cómo el agua perfora la piedra y además es maleable?
¿Como un viento invisible con una fuerza incomparable?
Como un fuego inflamable alrededor del combustible
¡Es fácil ser temible, es difícil ser amable!
Vi el esfuerzo de los hermanos
Para hacer posible el sueño
No escupas en los platos de los demás
Crecer así es mucho más difícil
Cómo Beethoven era sordo
¿Y compuso grandes sinfonías?
¡Qué loco estaba Dalí!
¿Y pintó grandes obras maestras?
Si voy a hablar mal de alguien
¡Hablo mal de los políticos!
Del sistema escolar y hospitalario
Que permanece en estado crítico
¿No viste cómo terminó Tupac?
¿Ustedes quieren ser notorios?
Los gánsteres de Internet
Vieron ratas de laboratorio

[Rapadura]
¡Ten piedad, señor mío, no saben lo que hacen!
¡Ten piedad, señor mío, no saben lo que hacen!
¡Ten piedad, señor mío, no saben lo que hacen!
¡Ten piedad, señor mío, no saben lo que hacen!

[Baco Exu del Blues]
Exu abre el camino
¡Dices que es un villano!
Los héroes mueren de sobredosis mientras yo respiro, cabrón
¡Voy a ser un villano!
¡Convierta a los MC en deidades!
Tengo deudas que pagar, ¡a la mierda tu vanidad!
Que se joda tu backstage
¡A la mierda tu vanidad!
Se rieron de mi acento, el suicidio no fue un ataque
Fue un "joder" para el público
¡Estos niños no son reales, maldita sea!
¡No son reales!
¡Les encantan los MCs, no el hip hop!
¿Te encanta el rap? ¡Pruébalo!
En 1999 Lauryn Hill ya pensaba en mí cantando 99,999
Que mis versos te toquen de alguna manera
Pero, perra, ¡no me toques nunca!
¡Concéntrate antes de que te asfixie!
Dad al César lo que es del César
Sé el daño
Matar a César, celebrar en el Paso Romano
Mis hermanos se meten con la guerra
¡Y se está enfermando!
¡La favela está menstruando!
Y me estoy cansando
Harto de darle un sorbo al santo
Soy mi propio santo, así que este es mi sorbo
¡Me trago el alcohol y el alcohol me traga!
¡Escúchame o dame otra bebida!
El rap me hace
Y rapeo hasta que me corta la garganta
¡O dame otro sorbo!
Rap, no soy tu enemigo
Hoy en día los fans se masturbarían en xvideos viendo la crucifixión de Cristo
Yo soy bahiano, negro, yo soy salvadoreño, pero no soy vuestro Cristo!
Rap, soy negro, soy un salvador, ¡pero no soy tu Cristo!

[Rapadura]
Antes de vomitar por la voz
¡Engunha, muchacho! ¡Pide bendiciones a los nordestinos que son tus padres y abuelos!
Antes de eructar sobre el verdugo
Tráguese este himno a la regencia de los clandestinos en las capitales en el resplandor
Puntos vitales del sertão de Capibaribe
Mis cristales vienen de las sábanas de Beberibe
¿Quién garantiza que el rap y su boca?
Viene de tus canales
Si en el interior, allá atrás
¿Desembocaron en Jamaica y el Caribe?
Yo cuestiono el contexto del pasado, ¡arriégua!
Muevo el eje, el resultado, el texto devora
¡Sin tregua!
Pongo la vida en líneas
Mi oratoria aquí rompe la regla
Someto tu gloria y pongo toda la historia en una liga
Como una pelota de barriga de la vieja escuela
Ahora estoy entre la arteria y el dolor cada vez que se incorpora
Lo que viene de fuera mola, para nosotros es la moda actual
Pero antes de eso, ya estaba el repentino, la prosa y la viola
Ahora aquí promueven la ignorancia de nuestra
Decir que la sequía y la pobreza son sólo males, factores históricos
Implica intolerancia y destrucción
La negligencia incita a la quimera
Incinerar materia y rumores folclóricos
Construí tu concreto y viví en lo abstracto
Levanté tu techo y tu aire de desprecio
¡Eso me desquitaré de ti!
Perdí a mi hijo y a mi nieto en mi zona boscosa
Perdí todo cariño, sufrí maltrato
No hay nada que pague tu factura
Soy un pájaro entre semáforos
Más rápido que el ascenso de los bárbaros
Y las pendientes en cuña
Desgarrando la diáspora
Contenido más áspero que las tierras bajas y las zonas áridas
Por Euclides da Cunha
Recuerda esas conversaciones
Te dije que la inercia sólo jugaría el truco contrario
Para buenas actuaciones
Cruzo encrucijadas
Yo soy el pagador de promesas, ya les he pagado todo
Y hasta el día de hoy sigo pagando por los regalos que tengo
Por venir de donde vengo y tener la cabeza plana
Es mucha inteligencia, la mente es pequeña, una parte de ella es aplanada
Me dejan con las manos vacías, gano el reto
Mi escritura es alimento abundante para el alma y no me falta nada
¡Nada me detiene!
Soy una bestia nativa de la brecha de marea
Y tengo mi pata activa en el suelo de Assaré
Tu rima viene de la ciudad en construcción
No tengo educación, ni arte, mi rima es parte de las obras de creación
Sería muy presuntuoso decir que represento al noreste
La causa es mucho más grande que el código postal y el rap
Yo solo soy fertilizante para los cuerpos celestes que la tierra viste aquí
Me pusiste caliente como las selvas de los maestros
Si Brasil es un árbol, ¡que exponga su matriz!
¡El Noreste rompe el mármol porque siempre ha sido su raíz!
¡Negar esto es una estupidez y una insensatez para todo un país!
¡Sin rumores porque después de eso no hay más disidencias!

Escrita por: Baco Exu Dos Blues / Diomedes Chinaski / Nissin / RAPdura