395px

Matanza (parte. Vital Lima)

Nilson Chaves

Matança (part. Vital Lima)

Cipó-caboclo tá subindo na virola
Chegou a hora do pinheiro balançar
Sentir o cheiro do mato, da imburana
Descansar, morrer de sono na sombra da barriguda

De nada vale tanto esforço do meu canto
Pra nosso espanto, tanta mata haja, vão matar
Tal mata atlântica e a próxima amazônica
Arvoredos seculares impossível replantar

Que triste sina teve o cedro, nosso primo
Desde menino que eu nem gosto de falar
Depois de tanto sofrimento seu destino
Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar

Quem por acaso ouviu falar da sucupira
Parece até mentira que o jacarandá
Antes de virar poltrona, porta, armário
Morar no dicionário, vida eterna milenar

Quem hoje é vivo
Corre perigo
E os inimigos do verde, da sombra, o ar
Que se respira
E a clorofila
Das matas virgens destruídas vão lembrar
Que quando chega a hora
É certo que não demora
Não chame Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar

É caviuna, cerejeira, baraúna
Imbuia, pau-d’arco, solva, juazeiro, jatobá
Gonçalo-alves, Paraíba, itaúba
Louro, ipê, paracaúba, peroba, maçaranduba

Carvalho, mogno, canela, imbuzeiro
Catuaba, janaúba, aroeira, araribá
Pau-ferro, angico, amargoso, gameleira
Andiroba, copaíba, pau-Brasil, jequitibá
Quem hoje é vivo
Corre perigo

Matanza (parte. Vital Lima)

Cipó-caboclo está subiendo por la liana
Llegó la hora de que el pino se balancee
Sentir el olor del monte, del algarrobo
Descansar, morir de sueño en la sombra del barrigudo

De nada vale tanto esfuerzo de mi canto
Para nuestro espanto, tanta selva habrá, van a matar
Tal selva atlántica y la próxima amazónica
Arboledas seculares imposible replantar

Qué triste destino tuvo el cedro, nuestro primo
Desde niño que ni siquiera me gusta hablar
Después de tanto sufrimiento su destino
Se convirtió en taburete, mesa, silla, mostrador de bar

Quien por casualidad ha oído hablar de la sucupira
Parece hasta mentira que el jacarandá
Antes de convertirse en sillón, puerta, armario
Vivir en el diccionario, vida eterna milenaria

Quien hoy está vivo
Corre peligro
Y los enemigos del verde, de la sombra, el aire
Que se respira
Y la clorofila
De las selvas vírgenes destruidas van a recordar
Que cuando llega la hora
Es seguro que no tarda
No llames a Nuestra Señora
Sólo quien puede salvarnos

Es caviuna, cerezo, baraúna
Imbuia, palo de arco, solva, juazeiro, jatobá
Gonçalo-alves, Paraíba, itaúba
Louro, ipê, paracaúba, peroba, maçaranduba

Roble, mogno, canela, imbuzeiro
Catuaba, janaúba, aroeira, araribá
Palo de hierro, angico, amargoso, gameleira
Andiroba, copaíba, palo Brasil, jequitibá
Quien hoy está vivo
Corre peligro

Escrita por: Jatobá