Caminho Sem Volta
Não me deixo ver chorando por baldas do coração
Mas um dia me vi em prantos ao voltar pro meu rincão
Naquela figueira antiga que cuidei com devoção
Dependurado num galho, meu pai a metros chão
Ali mesmo foi o leito debaixo daquele céu
Meu velho foi enterrado com chinelos e o sovéu
Aquela mesma figueira que antes foi carrossel
Agora era campo-santo com toques de mausoléu
Nessa árvore da vida uma imagem vem e vai
Era vida ou era morte, ninguém saberá jamais
Em sua sombra me ajoelhava, rezava para meu pai
Por capricho do destino hoje não existe mais
Quando chegou um servente de uma multinacional
Com a retroescavadeira foi limpando o matagal
Não respeitou a figueira nem a cruz do funeral
Destruiu nosso jazigo, por ganas de capital
(Todo caminho é sem volta, o meu não foi diferente
Mas temos que olhar pra frente, felicidade é direito
Contei toda minha história e te digo meu amigo
Trago meu velho comigo no lado esquerdo do peito)
Camino sin retorno
No permito que me vean llorar por tonterías del corazón
Pero un día me vi llorando al regresar a mi terruño
Bajo aquel viejo higueral que cuidé con devoción
Colgado de una rama, mi padre a metros del suelo
Justo allí fue su lecho bajo ese cielo
Mi viejo fue enterrado con chinelas y sudario
Ese mismo higueral que antes fue carrusel
Ahora era camposanto con toques de mausoleo
En ese árbol de la vida una imagen va y viene
¿Era vida o era muerte? Nadie lo sabrá jamás
Bajo su sombra me arrodillaba, rezaba por mi padre
Por capricho del destino hoy ya no está
Llegó un obrero de una multinacional
Con la retroexcavadora fue limpiando el matorral
No respetó al higueral ni la cruz del funeral
Destruyó nuestro sepulcro por ansias de capital
(Todo camino es sin retorno, el mío no fue diferente
Pero hay que mirar hacia adelante, la felicidad es un derecho
Conté toda mi historia y te digo amigo mío
Llevo a mi viejo conmigo en el lado izquierdo del pecho)
Escrita por: Paulo Mattos