Rádio-relógio
Abriu os olhos e encarou
Os digitos pulsantes que ditavam suas ações
A angústia o tomou e de um pulo esteve em pé
Sabendo bem que aquilo já bastava pra falhar
Olhou em seu armário com critério e escolheu
Um casco igual aos outros desprezíveis e vazios
E quis estar alheio ao que ele mesmo construiu
Ainda que o custasse abrir mão
Do que não viu
Fechou os olhos ao chegar
Qual cotidiano pode ser tão voraz?
Se recostou e esqueceu
Dali de seu refúgio não podiam lhe alcançar.
Secou as lágrimas e as louças do jantar
Lavou seu corpo despindo-se de todo sal
E quis estar acerca do que nunca aproveitou
Sabendo bem que aquilo já bastava pra sorrir
Arriscar pra que, se o destino é certo rumo ao fim
Melhor seguir o plano e me guardar dentro de mim
Despertador
Abrió los ojos y se enfrentó
A los dígitos parpadeantes que dictaban sus acciones
La angustia lo invadió y de un salto se puso de pie
Sabiendo bien que eso era suficiente para fallar
Miró en su armario con cuidado y eligió
Un casco igual a los demás despreciables y vacíos
Y quiso estar ajeno a lo que él mismo construyó
Aunque le costara renunciar
A lo que no vio
Cerró los ojos al llegar
¿Qué rutina puede ser tan voraz?
Se recostó y olvidó
Desde su refugio no podían alcanzarlo
Secó las lágrimas y los platos de la cena
Lavó su cuerpo despojándose de toda sal
Y quiso estar cerca de lo que nunca disfrutó
Sabiendo bien que eso era suficiente para sonreír
¿Arriesgarse para qué, si el destino es un rumbo seguro hacia el final?
Mejor seguir el plan y guardarme dentro de mí
Escrita por: Daniel Aluisius