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Ócio

Rafael Xavier

Ócio

O caçador vigia do alto
Serão cinco da manhã
As horas vagas perduram
Pois nada há que as preencha

De mãos dadas com o diabo veio o ócio
E assombrou a minha alma

A noite cai pálida
E o frio atrás dela
Do poeta, sua cela, sua musa
Do refém, sua janela

De mãos dadas com o diabo veio o ócio
E assombrou a minha alma
De mãos dadas com o diabo veio o ócio
E assombrou a minha alma

O caçador vigia do alto
Sonha meu sonho, a minha valsa
E paira, desejoso
Sua fome, minha carcaça

Demora-se o réu pelo átrio
Não fosse essa a rotina
Ao culposo serviu-lhe o pranto
E ao carrasco a guilhotina

De mãos dadas com o diabo veio o ócio
E assombrou a minha alma
Bebeu da minha sede e meus ossos
Deles fez a sua calda
De mãos dadas com o diabo veio o ócio
E assombrou a minha alma

Ócio

El cazador vigila desde lo alto
Serán las cinco de la mañana
Las horas vacías perduran
Pues nada hay que las llene

De la mano del diablo vino el ocio
Y atormentó mi alma

La noche cae pálida
Y el frío detrás de ella
Del poeta, su celda, su musa
Del rehén, su ventana

De la mano del diablo vino el ocio
Y atormentó mi alma
De la mano del diablo vino el ocio
Y atormentó mi alma

El cazador vigila desde lo alto
Sueña mi sueño, mi vals
Y planea, deseoso
Su hambre, mi carcasa

El reo se demora en el atrio
No fuera esta la rutina
Al culpable le sirvió el llanto
Y al verdugo la guillotina

De la mano del diablo vino el ocio
Y atormentó mi alma
Bebió de mi sed y mis huesos
De ellos hizo su caldo
De la mano del diablo vino el ocio
Y atormentó mi alma

Escrita por: Eduardo Neves de Sousa / Rafael Xavier