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Décimas de Andar Caminhos

Roberto Luçardo

Décimas de Andar Caminhos

Talvez meu canto se perca
Sem encontrar seu destino
Mas meu viver peregrino
Não vai se perder jamais
Caminha melhor quem traz
Nas próprias mãos o sustento
E tem no seu firmamento
Tão só uma estrela a guiar
Quem sabe aonde quer chegar
Não muda conforme o vento

Desde a vertente que ando nos rastros da mesma trilha
E trago a herança andarilha de tempos já imemoriais
No cem de mil ancestrais templei meu jeito ao nascer
E assumo esse proceder, com a minha identidade
Quem canta com liberdade, jamais escravo há de ser

Deixei meu sangue na pampa em guerras quase esquecidas
E já morri muitas vidas para renascer sempre novo
Forjei a estampa de um povo que tem coragem de sobra
Que crê na divina obra, mas não se atem a imagens
A minha altiva linhagem morre de pé e não se dobra

Revivo tempo e caminho, nesse andejar quase eterno
Trago pulsando no cerno centos de avós combatentes
Sou memória de uma gente que sabe do meu apreço
E quem assim ofereço o meu viver de cantor
Há coisas que tem valor, e outras que só tem preço

Sou parte viva da história que avança junto comigo
Assumo sempre o que digo, as faço mais do que falo
Entre patrões não me calo, e entre peões sou mais um
Respeito o saber comum de quem aprendeu sozinho
Quem segue vários caminhos, não segue caminho algum

Décimas de Andar Caminhos

Tal vez mi canto se pierda
Sin encontrar su destino
Pero mi vivir peregrino
No se perderá jamás
Caminará mejor quien lleve
En sus propias manos el sustento
Y tenga en su firmamento
Tan solo una estrella que guíe
Quien sabe a dónde quiere llegar
No cambia conforme el viento

Desde la vertiente que ando en los rastros del mismo sendero
Y traigo la herencia andariega de tiempos ya inmemoriales
En el cen de mil ancestros templé mi manera de ser al nacer
Y asumo este proceder, con mi identidad
Quien canta con libertad, jamás esclavo ha de ser

Dejé mi sangre en la pampa en guerras casi olvidadas
Y ya he muerto muchas vidas para renacer siempre nuevo
Forjé la estampa de un pueblo que tiene coraje de sobra
Que cree en la obra divina, pero no se aferra a imágenes
Mi altiva estirpe muere de pie y no se doblega

Revivo tiempo y camino, en este andar casi eterno
Traigo latiendo en lo más profundo cientos de abuelos combatientes
Soy memoria de una gente que conoce mi aprecio
Y a quienes así ofrezco mi vivir de cantor
Hay cosas que tienen valor, y otras que solo tienen precio

Soy parte viva de la historia que avanza junto conmigo
Asumo siempre lo que digo, las hago más que las palabras
Entre patrones no me callo, y entre peones soy uno más
Respeto el saber común de quien aprendió solo
Quien sigue varios caminos, no sigue ningún camino

Escrita por: Martim César Gonçalves / Paulo Timm