395px

João Carreiro

Tonico e Tinoco

João Carreiro

O meu nome é João Carreiro / Conhecido no lugar /
Eu vou contar minha história / Prá vocês não duvidar
Já tou véio aperreado / Já não posso carrear /
Mas o galo quando morre / Deixa as penas por sinar

No tempo que eu fui carreiro / fui caboclo arrespeitado /
Com quatro juntas de bois / caminhava sossegado
Distancia de meia légua, quando subia o cerrado
Ai, o cocão ringidô, era dueto chorado.

Pareia de cabeçalho / Beija Flor e Muzambinho /
Pareia de boi na guia / Fortaleza e Caboclinho
Sob a guia caminhava / Riachão e Riachinho... /
Vamos simbora Sereno / Pareia de Passarinho

No riacho da Graúna / Quando meu carro parava /
Os zóio de uma cabocla / meu coração cutucava
Na vorta lá da cidade / De novo por lá passava /
E os zóio dessa cabocla / De novo me provocava...

Assim fiquemo um tempão / Cinco mês fiquemo assim /
Eu com arreceio dela / Ela com medo de mim
Um dia criei coragem / Falei com ela por fim /
Essa cabocla chamava / Corina Flôr do Alecrim

O alecrim não tem espinho / E é danado prá cheirar /
E mesmo não tendo espinho / alecrim pode magoar
Corina Flôr do Alecrim / Só soube me ajudiar /
Me prometeu mil ventura / E só me trouxe penar

Só tive um amor na vida / Tristeza me veio dar /
Fiquei véio aperreado / Já não posso carrear
Já contei a minha história / Antes de outro contar /
Onde meu carro passou / deixou rastro por sinar

João Carreiro

Mi nombre es João Carreiro / Conocido en el lugar
Voy a contar mi historia / Para que no duden de mí
Ya estoy viejo y cansado / Ya no puedo cargar
Pero el gallo cuando muere / Deja las plumas por señalar

En el tiempo en que fui carretero / Fui un caboclo respetado
Con cuatro yuntas de bueyes / Caminaba tranquilamente
A media legua de distancia, cuando subía el cerrado
Ay, el yugo chirriante, era un dueto lloroso

Par de cabezales / Beija Flor y Muzambinho
Par de bueyes en la guía / Fortaleza y Caboclinho
Bajo la guía caminaba / Riachão y Riachinho...
Vamos allá Sereno / Par de Pajaritos

En el arroyo de Graúna / Cuando mi carro se detenía
Los ojos de una cabocla / tocaban mi corazón
En la vuelta a la ciudad / Pasaba de nuevo por allí
Y los ojos de esa cabocla / Me provocaban de nuevo...

Así estuvimos un buen tiempo / Cinco meses estuvimos así
Yo con miedo de ella / Ella con miedo de mí
Un día tomé coraje / Le hablé finalmente
Esa cabocla se llamaba / Corina Flor del Romero

El romero no tiene espinas / Y es difícil de oler
Y aunque no tenga espinas / el romero puede herir
Corina Flor del Romero / Solo supo hacerme sufrir
Me prometió mil alegrías / Y solo me trajo penas

Solo tuve un amor en la vida / La tristeza vino a mí
Me quedé viejo y cansado / Ya no puedo cargar
Ya conté mi historia / Antes de que otro la cuente
Donde pasó mi carro / Dejó huella por señalar

Escrita por: Raul Torres