395px

Cosas Nuestras

Tonico e Tinoco

Coisas Nossas

Eu sô um cabocro forgado, criado na serrania
Eu não sô muito letrado, dá pra minha serventia
Argum dinheiro guardado, cavalo pra montaria
O meu cachorro ensinado, e as ceva pra pescaria

À tarde, fim da jornada, cabocra me serve a janta
Levanto de madrugada, na hora que o galo canta
Eu vou tratando a porcada, aurora também levanta
Vejo a campina orvaiada, vou cuidá da minha pranta

Cabocro trabaiadô, necessidade não passa
Rezo pra Nosso Senhô e já recebo uma graça
Dinheiro nunca fartô pro meu negócio na praça
Sei disfarçá minha dô quando a saudade me abraça

Eu só vou no povoado, ai, no fim de cada meis
Ansim memo eu paro pouco na venda que eu sou fregueis
Eu tomo minha pinguinha e pago a compra que eu feis
Alembro da cabocrinha, vorto pra roça outra veis

Não vô morá na cidade, não é questão que eu não possa
Sou caboclo sem vaidade, nasci pra vivê na roça
Eu tenho meu alazão a cabocra na paióça
Eu gosto do meu sertão e tudo que é coisa nossa

Cosas Nuestras

Yo soy un campesino forjado, criado en la serranía
No soy muy letrado, pero sirvo para lo mío
Algun dinero guardado, caballo para montar
Mi perro enseñado, y la ceva para pescar

Por la tarde, al final de la jornada, la campesina me sirve la cena
Me levanto de madrugada, cuando canta el gallo
Voy cuidando a los cerdos, también amanece
Veo el campo cubierto de rocío, voy a cuidar de mis plantas

Campesino trabajador, la necesidad no pasa
Rezo a Nuestro Señor y recibo una gracia
El dinero nunca falta para mi negocio en la plaza
Sé disimular mi dolor cuando la nostalgia me abraza

Solo voy al pueblo, ah, al final de cada mes
Así mismo, paro poco en la tienda donde soy cliente
Tomo mi traguito y pago la compra que hice
Recuerdo a la campesina, vuelvo a la finca otra vez

No voy a vivir en la ciudad, no es que no pueda
Soy campesino sin vanidades, nací para vivir en el campo
Tengo mi alazán y la campesina en la choza
Me gusta mi tierra y todo lo que es nuestro

Escrita por: Craveiro