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Querido Sertão

Ze do Cedro e João do Pinho

Sertão Querido

Quando chega o mês de agosto
O sertão fica esquisito
A fumaça vai baixando
Não se vê o infinito
A tardinha entristece
Quando canta o peixe frito
Nas noites que tem luar
O urutau dá seu grito
É um lamento repilante
Chega me deixar aflito
Mesmo assim amo demais
Esse meu sertão bendito

Os pirilampos passeiam
Na macega do capim
A cigarra estridente
Cantado no pé de jasmim
O triste uivar de um lobo
Na imensidão sem fim
A coruja agourenta
Traz pensamentos ruins
O galo que me desperta
Como se fosse um clarim
Mesmo assim o meu sertão
Ainda é tudo para mim

Como é bonito ver
O romper da alvorada
O curiango ainda canta
Sentado à beira da estrada
As flores se desabrocham
Pelas ramas orvalhadas
Deixando por entre os campos
Toda brisa perfumada
Me despeço então da Lua
Minha doce namorada
Meu sertão é e será
Minha eterna morada

Querido Sertão

Cuando llega el mes de agosto
El sertão se pone extraño
El humo va bajando
No se ve el infinito
La tarde entristece
Cuando canta el pescado frito
En las noches con luna
El urutau da su grito
Es un lamento estremecedor
Que llega a afligirme
Aun así amo demasiado
A este mi sertão bendito

Los luciérnagas pasean
En la maleza del pasto
La cigarra estridente
Cantando en el pie de jazmín
El triste aullido de un lobo
En la inmensidad sin fin
La lechuza agorera
Trae pensamientos malos
El gallo que me despierta
Como si fuera un clarín
Aun así mi sertão
Sigue siendo todo para mí

Qué bonito es ver
El amanecer
El curiango aún canta
Sentado al borde de la carretera
Las flores se abren
Por las ramas rociadas
Dejando entre los campos
Toda brisa perfumada
Me despido entonces de la Luna
Mi dulce enamorada
Mi sertão es y será
Mi eterna morada

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