Sertão Querido
Quando chega o mês de agosto, o sertão fica esquisito
A fumaça vai baixando não se vê o infinito
A tardinha entristece quando canta o peixe frito
Nas noites que tem luar o urutal dá seu grito
É um lamento horripilante, chega me deixar aflito
Mesmo assim amo demais esse meu sertão bendito
Os pirilampos passeiam na massega do capim
A cigarra estridente canta no pé de jasmim
O triste uivar de um lobo, na imensidão sem fim
A coruja agourenta trás pensamentos ruins
O galo que me desperta como se fosse um clarim
Mesmo assim o meu sertão, ainda é tudo para mim
Como é bonito ver o romper da alvorada
O curiango ainda canta sentado à beira da estrada
As flores se desabrocham pelas ramas orvalhadas
Deixando por entre os campos toda brisa perfumada
Me despeço então da lua, minha doce namorada
Meu sertão é e será, minha eterna morada
Querido Sertão
Cuando llega el mes de agosto, el sertão se pone extraño
El humo desciende y no se ve el infinito
La tarde entristece cuando canta el pescado frito
En las noches con luna llena, el urutal da su grito
Es un lamento espeluznante, llega a afligirme
Aun así amo demasiado este mi sertão bendito
Los luciérnagas pasean en la maleza de la hierba
La cigarra estridente canta en el jazmín
El triste aullido de un lobo, en la inmensidad sin fin
La lechuza agorera trae pensamientos oscuros
El gallo que me despierta como si fuera un clarín
Aun así mi sertão, sigue siendo todo para mí
Qué hermoso es ver el amanecer
El urutau aún canta sentado al borde del camino
Las flores se abren entre las ramas rociadas de rocío
Dejando entre los campos toda brisa perfumada
Me despido entonces de la luna, mi dulce enamorada
Mi sertão es y será, mi eterna morada