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Grileiro de Tierra

Zico e Zeca

Grileiro de Terra

Comprei vinte e cinco alqueires
Bem lá no meio do mato
Fui coçar barba de onça
Picadas de carrapato

O sertão era grilado
Por valentões desiguais
Enfrentei o Sol e a chuva
E bravios animais

Depois que eu plantei a roça
E fiz a minha casinha
Começou chegar jagunço
Pra tomar tudo que eu tinha

Me queixei pro delegado
Mas ele não atendeu
Resolvi brigar com eles
E ficar no que é meu, ai, ai

Eu fui muito ameaçado
Pra deixar aquele chão
Quiseram acabar comigo
Na bala, foice e facão

Mas a minha carabina
Era muito mais ligeira
Fiz jagunço comer fogo
Beber água na peneira

Enfumacei a baixada
Com a minha papo amarelo
Pra defender meu direito
Enfrentei muito duelo

Quem pisar no que é meu
Grande risco vai correr
E se só tem uma saída
Matar ou então morrer, ai, ai

Não sou nenhum desordeiro
Pra sofrer tanta tortura
E também não sou posseiro
Tenho minha escritura

Derrubei muitos alqueires
No baque do meu machado
Fiz brotar tiguera verde
No lugar do meu roçado

Pulo cedo no meu eito
Tenho Deus e muita fé
Quiseram acabar comigo
Mas ainda estou de pé

Esses grileiros de terra
Tiveram uma triste sina
Mas eu defendi meu sítio
No coice da carabina, ai, ai

Grileiro de Tierra

Compré veinticinco hectáreas
Bien en medio del monte
Fui a rascar la barba de jaguar
Picado por garrapatas

El sertón estaba invadido
Por matones desiguales
Enfrenté al sol y la lluvia
Y a animales salvajes

Después de sembrar mi campo
Y construir mi casita
Empezaron a llegar pistoleros
Para quitarme todo lo que tenía

Me quejé con el comisario
Pero no me hizo caso
Decidí pelear con ellos
Y quedarme con lo mío, ay, ay

Fui amenazado muchas veces
Para dejar ese terreno
Quisieron acabar conmigo
A balazos, guadañas y machetes

Pero mi carabina
Era mucho más rápida
Hice que los pistoleros ardieran
Y bebieran agua en el colador

Ahumé la bajada
Con mi papo amarillo
Para defender mi derecho
Enfrenté muchos duelos

Quien pise lo que es mío
Correrá un gran riesgo
Y si solo hay una salida
Matar o morir, ay, ay

No soy ningún alborotador
Para sufrir tanta tortura
Y tampoco soy usurpador
Tengo mi escritura

Derribé muchas hectáreas
Con el golpe de mi hacha
Hice brotar la maleza verde
En lugar de mi cultivo

Salto temprano en mi campo
Tengo a Dios y mucha fe
Quisieron acabar conmigo
Pero aún sigo en pie

Estos grileiros de tierra
Tuvieron un triste destino
Pero defendí mi finca
Con el retroceso de la carabina, ay, ay

Escrita por: Dino Franco / Oswaldo De Andrade