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Chão de Estrelas

Antônio Marcos

Minha vida
Era um palco iluminado,
Eu vivia vestido de dourado,
Palhaço das perdidas ilusões!

Cheio dos guizos falsos da alegria,
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações!

Meu barracão lá no morro do Salgueiro,
Tinha o cantar alegre de um viveiro,
Foste a sonoridade que acabou!

E hoje, quando do sol, a claridade,
Forra o meu barracão, sinto saudade
Da mulher pomba-rola que voou!

Nossas roupas comuns dependuradas,
Na corda, qual bandeiras agitadas,
Pareciam estranho festival!

Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional!

A porta do barraco era sem trinco,
Mas a lua, furando o nosso zinco,
Salpicava de estrelas nosso chão!

Tu pisavas os astros distraída,
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão!


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