Fado Balada
António Pelarigo
Conta uma linda balada
Que um rei, dum reino sem par
Vendo morta a sua amada
Quis o seu seio honrar
E por molde, modelada
Depois de gasto um tesouro
Nasceu a graça encantada
Duma taça toda d'ouro
E quando por ela bebia
Morto por se embriagar
Saudoso, triste sorria
Com vontade de chorar
Certa noite imaculada
À luz de um luar divino
Deixou a corte pasmada
E fez-se ao mar sem destino
No mar ansiando a graça
De com a morta se juntar
Bebeu veneno p'la taça
E atirou a taça ao mar
Ao seu seio não há nada
Que se possa igualar
Nem a taça da balada
Que jaz no fundo do mar



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