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Lúbrica

Camané

Mandaste-me dizer no teu bilhete ardente
Que hás-de por mim morrer, morrer muito contente
Lançaste no papel as mais lascivas frases
A carta era um painel de cenas de rapazes

Ó cálida mulher, teus dedos delicados
Traçaram do prazer os quadros depravados
Contudo, um teu olhar é muito mais fogoso
Que a febre epistolar do teu bilhete ansioso

No teu rostinho oval, os olhos tão nefandos
Traduzem menos mal, os vícios execrandos
Teus olhos sensuais, libidinosa marta
Teus olhos dizem mais que a tua própria carta

As grandes comoções, tu, neles, sempre espelhas
São lúbricas paixões, as vividas centelhas
Teus olhos imorais, mulher, que me dissecas
Teus olhos dizem mais que muitas bibliotecas

Escrita por: Cesário Verde / Joaquim Campos *fado alexandrino*. ¿Los datos están equivocados? Avísanos.

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