A Praça
Carlos Leitão
As horas já não passam
O tempo já morreu
As ruas estão desertas
Apenas eu fiquei
Não há rio nem mar
Nem luzes na cidade
Prenúncio desamado
Que apenas eu chorei
O crime de estar só
Na praça do adeus
Afasta-me de mim
Por todos eu chamei
Não sirvo para fugir
De onde ninguém ficou
De todas as partidas
Apenas eu voltei
Que seja então o adeus
De tudo e de ninguém
Às mãos dos que partiram
E não voltam atrás
Do medo e da memória
De longe e do olhar
Serei dos conjurados
O que não foi capaz
Eu ficarei aqui
Aonde ninguém nasceu
Nas ruas mais desertas
Por onde eu sempre andei
Que seja então o adeus
Que o resto já morreu!
De todas as lembranças
Apenas eu fiquei



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