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Milonga Maragata

César Oliveira

Sou herança de Maragato
A velha raça caudilha
Tenho sangue farroupilha
Galopando em minhas veias
Nos arrancos de trinta e cinco
Andei trilhando coxilhas
Enredado nas flechilhas
Tramando aço em peleias

Chiripa de saco branco
Lenço atado e meia espalda
E uma vincha que se esbalda
Na melena esgadelhada
Na cintura a carniceira
Companheira de degola!
E um quarenta de argola
Pra garantir a qüerada

Carcaça de puro cerne
Forjada em têmpera guapa
Com a rude estampa farrapa
Plantei tenência de mau
E a descendência da raça
Semeei no eco do berro
Brincando de terciar ferro
Com chimango e pica-pau

Relampeia ferro branco
Também troveja a garrucha
Nesta milonga gaúcha
Que, por taura não se enleia
Peleia dando risada!
Porque o macho se conhece
É atrás do S da adaga

Debaixo do tempo feio
Só a coragem sustenta!
Pode faltar ferramenta
Mas sobra a fibra guerreira
Pois quem herda a procedência
Do nobre sangue farrapo
Só morre queimando trapo
Peleando pelas ladeiras

Com o instinto libertário
E o tino de um fronteiro
Eu era um clarim guerreiro
Pondo em forma o Rio Grande
Pois a grito e pelegaço
Fiz a pátria que pertenço
Cabrestear para um lenço
Maragateado de sangue

Escrita por: Francisco Luzardo / Tiago Cesarino. ¿Los datos están equivocados? Avísanos.
Enviada por Pamela. Revisiones por 4 personas. ¿Viste algún error? Envíanos una revisión.

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