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Boi Tungão

Chico Antonio

Letra

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Boi Tungão

Íliô tungão - boi do maiorá
Não é tão bonito o boi como é uma bóia
Eu chamava ele vinha - valeroso venha a cá

Tava em casa deitado no quente
Tava bebo de aguardente quando eu vi chamar
Veio uma nega com nome Neném
Vez em quando no meu ouvido Vinha cuchichar, boi tungão..
Ílio tungão..

Molei a faca pra briga pintado
Vendi meu lado que a onça é tigre
Lá vem a cobra caranhando os dente
Essa bichinha morde agente de fazer dá rir
Ílio tungão..

Saí pra fora sem chapéu nem nada
Com três nêga de lado " eu vim te busca"
Eu disse a ela : mas hoje eu não vô
Nesse meu jardim de flor eu vou descançar
Ela me disse pega essa cartinha
Mandado pelo fazendeiro que chegasse lá, boi tungão!
Ílio tungão..

Entrei pra dentro peguei o chapéu
Butei depressa disse vamo bora já
Saiu quitera e massavo andando
Um nêgo cachimbando até devagar
Fumo descendo numa chapeneira
Pra ir pegar no tabuleiro peguemo o ganzá, boi tungão!
Ílio tungão..

Saímos de baixa a baixa, riacho a riacho
Cheguemo embaixo no compasso peguei o ganzá
Aí uma nega destanho assim ! disse :
escuta Chico Antônio o que é que há ?!, boi tungão!
Ílio tungão.. boi do maiorá !!

aí eu disse : a coisa ta furada
e é pa meu lado, e hoje eu vou apanhar!
escutei cuta vi um papo furado
numa grota mulestada vi o pau tocar
fiquei calmo mas um pouco suspenso
eu vou sempre, que Deus me acode em quem me tirar, boi tungão!
Ílio tungão..

cheguemo ardente, presento-se uma mata
tiririca, todos os espinho tinha latejado
eu disse a nêga, eu daqui eu volto !
num tem caminho e nem tem estrada !
a nêga disse: vamo simbora,
já ta passando da hora de você chegar

cheguei peguente, era um fogo feito
um pau furado batendo, uma chama praculá
tinha mais de dois mil negô dançando dentro das brasa
parecia uma casa fumaceiro de telhar
cheguei na sala disse ô de casa!
o diabo disse ô de fora!, cê pode entrar, boi tungão !
Ílio tungão..

eu disse a ele: pronto as ordem de vossa senhoria
eu quero saber a trilha se o senhor mandou me chamar?
mandei ! pra que ? pra bolar coco mas um nego desses nego
que nunca tocou marterro mode ele num dá!

meu amigo, eu já tô assim ! eu tô meio ruim
ainda hoje num tomei cana, precisa eu bicar
ele disse: tem cana boa ali quardada eu vou ver
pra dá arroz e a você pra você cantar, boi tungão!
Ílio tungão..

bebi a cana e fiquei um pouco quente
fiquei meio insolente sustentei o meu ganzá
saiu o nega titéla, saiu massal,
chegou o diabo cachimbo, chegou o Cucanavá
chegou Zé Pedro, doloro da caristia
esse é irmão de Maria que irmão do Baltazar
o diabo veio disse aí é seu
feito salão de Zé judeu, pode embuluar, boi tungão!
Ílio tungão..

cantemo muito e eu fiquei muito suado
um pouco aperreado, agora vou lhe notar
aí lá pra dentro tinha um cano gaiado
tinha um grande buraco, eu tive medo de chegar
mas eu só via, de cá as palavras
me vala nossa senhora, que eu tô no purgatório
e eu vou me queimar. Boi tungão!
Ílio tungão..

a meia noite eu não pensava em nada
eu já tava imbicado, sustentei o meu ganzá
mas quando eu vi, foi o galo
abriu o bicho e cantou, acredite meu senhor ! eu fiquei assim
imaginando que era ruim, que eu não podia gostar
eu digo: como é meu Deus, que eu saí da minha casa
e vim caí nesse lugar !
mas a neguinha destamanho assim !
hum, hum, hum, no meu ouvido chegou a cuchichar, boi tungão !
Ílio tungão..

cantou o galo vermelho, primeira vez
agora vou lhe notar !
cantou o galo mais preto
sem vassoura suru, biliscando como o mar
cantou o galo jumanisco velho,
desses do pescoço pelado chegou com o ganzá, boi tungão!
Ílio tungão..boi do maiorá!!!

eu disse a ele: amigo eu to pegado
to aqui muito suado hoje eu tenho que ganhar
dinheiro nessa terra de beleza
me enganaro a fortaleza. Vim praqui cantar

ele me disse: pode levar esse coco
de barão, saco de estopa, mulungu barra do mar
você aqui hoje ta pegado, a sua cocada e nada
eu vou te avisar, boi tungão !
Ílio tungão..boi do maiorá !!!!!

eu disse ao diabo, Deus me livre dessa vez
se eu sair por três eu saí desse lugar
e vocês ficarem dizendo: eu dei no Chico Antônio
essa noite eu tive um sonho, isso não destá ! boi tungão!
Ílio tungão..

os galo cântaro mais um pouco arrebunbado
ficou eu dentro da mata, quase louco e assombrado
nego num achei mais um, fiquei no maruim
que é que eu faço ?
mas a neguinha sempre me dizendo
Chico Antônio num tenha pena
Que tu tais ganhando !!! boi tungão !
Ílio tungão..

Boi Tungão

Íliô tungão - toro del mayorá
No es tan bonito el toro como una boya
Yo lo llamaba y venía - valiente ven acá

Estaba en casa acostado en el calor
Estaba ebrio de aguardiente cuando lo vi llamar
Vino una negra llamada Neném
De vez en cuando en mi oído venía a susurrar, toro toro..
Ílio tungão..

Afilé el cuchillo para la pelea pintado
Vendí mi lado porque la onza es tigre
Allá viene la cobra mostrando los dientes
Esta cosita nos muerde de hacernos reír
Ílio tungão..

Salí afuera sin sombrero ni nada
Con tres negras a mi lado 'vengo a buscarte'
Yo le dije: pero hoy no voy
En mi jardín de flores voy a descansar
Ella me dijo toma esta cartita
Enviada por el hacendado que llegara allá, toro toro!
Ílio tungão..

Entré adentro, agarré el sombrero
Me lo puse rápido y dije vámonos ya
Salimos tranquilos y despacio caminando
Un negro fumando su pipa hasta despacio
El humo bajando en una espiral
Para ir a buscar en el tablero cogimos el güiro, toro toro!
Ílio tungão..

Salimos de bajada en bajada, arroyo a arroyo
Llegamos abajo en compás cogí el güiro
Ahí una negra extrañada así! dijo:
¡Escucha Chico Antônio qué pasa?! toro toro!
Ílio tungão.. ¡toro del mayorá!!

Entonces dije: la cosa está complicada
y es para mi lado, ¡y hoy voy a recibir!
Escuché y vi un chisme
en una cueva alborotada vi el palo tocar
Me mantuve tranquilo pero un poco tenso
Voy siempre, que Dios me ayude a salir, toro toro!
Ílio tungão..

Llegamos ardientes, se presentó una selva
con tiririca, todos los espinos latían
Yo le dije a la negra, de aquí vuelvo
no hay camino ni carretera
la negra dijo: vámonos
ya está pasando la hora de que llegues

Llegué sudando, era un fuego encendido
un palo golpeando, una llama hacia allá
había más de dos mil negros bailando entre las brasas
parecía una casa con humo de techo
llegué a la sala y dije ¡quién está en casa!
el diablo dijo ¡quién está afuera!, puedes entrar, toro toro!
Ílio tungão..

Le dije: a sus órdenes su señoría
quiero saber la senda si usted me llamó
¡Lo hice! ¿para qué? para tocar el coco pero un negro de esos negros
que nunca tocó tierra para que no dé!

Amigo, ya estoy así! estoy medio mal
aún hoy no bebí caña, necesito embriagarme
él dijo: hay buena caña guardada ahí voy a ver
para darte arroz y a ti para que cantes, toro toro!
Ílio tungão..

Tomé la caña y me puse un poco caliente
me puse insolente y sostuve mi güiro
salió la negra titéla, salió massal
llegó el diablo pipa, llegó el Cucanavá
llegó Zé Pedro, doloroso de la caridad
este es hermano de María que hermano de Baltazar
el diablo vino y dijo aquí está tu
como salón de Zé judío, puedes alborotar, toro toro!
Ílio tungão..

Cantamos mucho y yo quedé muy sudado
un poco apurado, ahora te voy a contar
ahí adentro había un caño cerrado
había un gran agujero, tuve miedo de llegar
pero solo veía, desde acá las palabras
me valga nuestra señora, que estoy en el purgatorio
y me voy a quemar. Toro toro!
Ílio tungão..

A medianoche no pensaba en nada
ya estaba embriagado, sostuve mi güiro
pero cuando vi, fue el gallo
abrió el pico y cantó, créame señor! me quedé así
imaginando que era malo, que no podía gustar
digo: ¡Dios mío, que salí de mi casa
y vine a caer en este lugar!
pero la negrita así!
hum, hum, hum, en mi oído llegó a susurrar, toro toro!
Ílio tungão..

Cantó el gallo rojo, primera vez
ahora te voy a contar!
cantó el gallo más negro
sin escoba suru, picoteando como el mar
cantó el gallo jumanisco viejo,
de esos del cuello pelado llegó con el güiro, toro toro!
Ílio tungão.. ¡toro del mayorá!!!

Le dije: amigo estoy atrapado
estoy aquí muy sudado hoy tengo que ganar
dinero en esta tierra de belleza
me engañaron en la fortaleza. Vine a cantar

él me dijo: puedes llevar este coco
de barón, saco de estopa, mulungú barra del mar
estás atrapado aquí hoy, tu coco y nada
te voy a avisar, toro toro!
Ílio tungão.. ¡toro del mayorá!!!!

Le dije al diablo, Dios me libre esta vez
si salgo por tres salgo de este lugar
y ustedes quedan diciendo: le di a Chico Antônio
esta noche tuve un sueño, eso no está! toro toro!
Ílio tungão..

Los gallos cantaron un poco más alborotados
me quedé dentro del bosque, casi loco y asombrado
no encontré a nadie más, me quedé en el maruim
¿qué hago?
pero la negrita siempre diciéndome
Chico Antônio no tengas pena
¡que estás ganando! toro toro!
Ílio tungão..


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