João de Deus

Bacana

Seu pai era um patife de um covarde insano
Passou-lhe uma rasteira e lhe puxou o pano
Sua mãe por sua vez mulher ingrata e artista
Mentia e pintava o pobre João como se fosse um tirano

Um trapo em pedaços, um monte em resto e lixo
Tumultuaram a vida do pobre homem
Que bom que só chorava, pensava em se matar
Com uma bala de overdose

Olhava o horizonte que nunca e nada lhe dizia
Sempre humilhado só mesmo ele sabia
A dor que carregava no seu jeito de João do engano
Bastardo era o filho, mas não era um profano

Observava estrelas e o céu cheio de enganos
Só esperava o fim, já não havia encanto
Nem mesmo o seu canto aliviava
E como ardiam as mágoas que a vida lhe ofertava, quanta agonia

Mas numa certa hora o João que não era o de Deus
Encarou os seus próprios olhos
Mandou embora a preguiça que sentia e olhou mais lá na frente
Se cansou de sua meiguice

Mandou tudo pro inferno, se vestiu no velho terno
Calçou os seus sapatos tão surrados que furados
Carregaram na estrada aquele corpo inerte
Que há tempo já não andava

No mundo agora o João era um boia-fria
Comia pra viver o pouco que se podia
Não imagina a vida fosse estar tão longe e distante
Ao ponto de nem mais poder criar suas crias

Quimera fosse um bandido de elite
Mas nunca o pobre homem teve dom ou apetite
Só vislumbrava a estrada e não acreditava em nada
No mal que lhe ofuscava a alma, no mal que lhes faziam

Os dias se passavam como ventania e em tempestade
E o João não tinha forças mais pra nada
Se não deixar que a Mão De Deus lhe estendessem as mãos
E lhe salvasse daqueles lobos todos vestidos de cordeiros
Que famintos lhe roubaram a vida

Falavam tanto em Deus, mas lhe furtaram a mesa
A sorte e o brilho e o sorriso de menino
Garoto forte, bom filho, bom irmão se viu mesmo só e aflito
Que serviu a gosto, mas foi despedaçado por tantos desgraçados
Que escondiam suas derrotados

Vitórias nunca possuíram em suas próprias histórias
Pois destruíram os sonhos do João de Deus e suas memórias
Do João que ainda segue e lembra da covardia
Mas sabe que tão logo passe a trovoada

É ele quem estará a socorrer e abrigar
Os insensatos e injustos que tanto lhe apunhalaram
Secando-lhe as esperanças e lhe deixando em prantos
Mas o João nunca que desistia

Ele sabia chegaria o seu dia
Mas o João nunca que desistia
Em cada olhar ele ainda olharia
Mas a vergonha é arrependimento
Era tão tarde e pena deles o João sentia


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