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O Lixeiro e o Doutor

Felipe e Falcão

Meu boné enterrado na cabeça
Roupas rasgadas por pedaços de tranqueira
Meu macacão já bem velho e bem surrado
Estava sempre envermelhado de sujeira
Esse uniforme era da minha profissão
Eu trabalhava com ele a semana inteira
Eu catei lixo das favelas e mansões
Aproveitei muita coisa abandonada

Porque meus dedos nas garrafas sem gargalos
Tremi de frio nas medonhas madrugadas
Entrei na igreja com sapatos engraxados
Tirei do lixo atirado na calçada

Eu nessa lida tive uma grande surpresa
Aconteceu numa noite de verão
Ouvi um choro baixinho em meus ouvidos
Quando eu levava uma tranqueira em minhas mãos

Eu carregava junto ao lixo uma criança
Recém nascida enrolada em papelão
Larguei de tudo e corri para minha casa
Cheguei a tempo, a criança então salvei

No outro dia registrei como meu filho
Com muito amor e carinho eu criei
Dei comida, dei um teto e dei estudo
Com sacrifício num doutor eu transformei

Mas algum tempo depois fui aposentado
Meu uniforme de trabalho eu encostei
Agora vejo um doutor de roupas brancas
Pelo uniforme alaranjado agasalhei
Aí está para amenizar a dor humana
O grande homem que do lixo retirei


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