
Rio Sedento
Flávio Leandro
Enquanto o homem ara toda terra
Desce da serra um adeus final
Um canto, um desencanto, um lamento
Um agourento suspiro fatal
Enquanto a ambição for soberana
Enquanto a grana for força voraz
Enquanto a última gota de água
Foge dos panos presos nos varais
Água pro Velho Chico
Água até de chupisco
Água pro velho Chico beber
Traz água de qualquer jeito
Água da mágoa do peito
Água pro Velho Chico beber
Enquanto chora a Serra da Canastra
Se afasta para sempre do seu mar
De sede chora o rio e a criatura
E triste sofre a voz do criador
Ponde tu rai minina
Ponde tu rai minina
Rô buscar água no Raso da Catarina
Donde tu rem minina
Donde tu rem minina
Venho sem água do Raso da Catarina



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