
Aguaceiro
Jairo Lambari Fernandes
A madrugada que ainda era grande
Pra quem mateava galponeando a vida
Fogo e cambona pra aquecer a alma
Tenteando a calma pra empeçar a lida.
Corre a manhã, mormacenta e turva
E um ar de chuva domina a paragem
Linda imagem das garças em bando
Que se vão rumbeando na xucra paisagem.
Rompeu a tarde num rumor de tropa
E as nuvens negras num compasso lento
E o firmamento, se alobuna inteiro
Pra um aguaceiro, guasqueado com vento.
Meu rancho antigo se moldou com o tempo
Trompando ventos no rigor do inverno
É mais que um cerno, pois se fez torena
Desfiando penas, para ser eterno.
E o aguaceiro, se agranda por conta
As sangas despontam com ganas de rio
Quedou-se o assovio do vento maleva
E pousou no alambrado o silêncio do frio.
A noite se adianta e a chuva "amiúda"
Se alçando de muda pra outro lugar
Desata a cantar um grilo campeiro
Que enxergou primeiro uma estrela a brilhar.



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