No Silencio da Varanda
José Amilcar Ferreira
Noite alta, lua cheia, mil estrelas
Olhos rasos procurando a mais bonita
Queda o tempo, calma larga, mate amargo
E na varanda um sentimento ressuscita
Vez por outra uma cadente temporona
Ilumina o manto negro do infinito
Sabe lá se não serão os olhos dela
A alumiar a solidão do peão solito
Ainda trago o cheiro dela sob o pala
E o gosto doce do açúcar do seu beijo
Amanhã bem cedinho pego a estrada
Para matar esta saudade e o desejo
Não quero mais contar as horas de agonia
E ver meus dias sempre findando assim
Vou contemplar mais uma noite estrelada
Tendo a amada cevando um mate pra mim
Troveja forte lá no fundo do porongo
Tal qual tormenta vinda do lado paisano
Já foi um mate e o outro também é meu
Como são meus sinais de lida e abandono
Quero acordar no primeiro cantar do galo
E de a cavalo ir encontrar a morena
Sei que me espera pronta pra voltar comigo
E ter abrigo nos braços deste torena
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