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Milonga do Campo

José Claudio Machado

A voz da querência num touro que berra
E o cheiro de terra que a chuva levanta
Se chegam matreiros e o rancho me invadem
Trazendo saudades no vento que canta

Milonga do campo sombreia espinilhos
E espanta os potrilhos além da manada
Destino trançado nos tentos do laço
Que afogam o mormaço na tez das aguadas

Cadência estradeira das patas do pingo
Canção que o domingo compôs na distância
Sovando os arreios no lombo do tempo
C'o as notas que o vento soprou nas estâncias

Milonga do campo que eu canto pro gado
Fundão de banhado, coxilha povoada
Acende candeeiros na noite mais calma
C'o a chama da alma que trago invernada

E as garças perdidas embalam as asas
Revoam às casas num leve reponte
Tal fosse uma tela que Deus, inspirado
Tivesse pintado no azul do horizonte

Milonga do campo que, mesmo chorando
Ressurge brotando tal fosse o capim
Matando-me a sede de secas restingas
Nas fundas cacimbas que habitam em mim

Cadência estradeira das patas do pingo
Canção que o domingo compôs na distância
Sovando os arreios no lombo do tempo
C'o as notas que o vento soprou nas estâncias

Milonga do campo que eu canto pro gado
Fundão de banhado, coxilha povoada
Acende candeeiros na noite mais calma
C'o a chama da alma que trago invernada

Escrita por: MAURO MORAES / RODRIGO BAUER. ¿Los datos están equivocados? Avísanos.

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