
Crocodilo
Luís Capucho
Sou um crocodilo na beira do nilo
E nem respiro para te pegar
Nem abro meus olhos pra te engolir inteirinho, não sinto calor
Minha casca é grossa, mas minha alma é macia Cthururu
Aerodinâmica elaborada por milhões de anos
Estou na margem, sou sofisticado como um olho digital, faço a varredura
Voam palavras, línguas de palavras se insinuam, insetos de palavras
Serpentes de palavras rastejam
Balançam no vento as flores do campo
Caem das árvores as folhas secas
Num caos tão lindo como se estivesse minh’alma a cantar Cthururu
Estou na margem, voam palavras, línguas de fogo lambem a melodia
Arde o frio acorde do rio, porque eu
Sou um crocodilo na beira do nilo la ra ra ra ra
Um crocodilo na beira do nilo la ra ra ra ra ra
Um crocodilo na beira do nilo la ra ra ra ra ra
Um crocodilo na beira do nilo la ra ra ra ra ra



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