A Ópera do Rinoceronte
Madan
Hoje ninguém me segura!
Hoje mereço a mirra, o incenso, o alcalóide
Hoje tenho muito a comemorar
Não se espante, pois, se em meus olhos este brilho estranho
Meio cobre, meio lágrima, meio qualquer nota
Começar a me fazer parecer mais jovem
A me fazer parar de cair cabelo
E me deixar com vontades de grito e canto
Não, não se espante!
Tampouco espante o espanto
É que hoje tenho muito a comemorar
Hoje nada me segura
Nem o pudor de chorar em público
Nem essas tachas que os cristos usam
Nada, nada, nada
Hoje bebo em minha honra
Beijo do passado a tona
E do presente os dentes
Beijo o futuro com seus lábios leporinos
E ainda lambo a língua
Hoje nem a pau, juvenal!
Hoje conheço meu tempo, tempo de chão, de não
De alegria geral na nação
Tempo de pedra



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