Grosso de Nascença
Maiquinho Pinto
Caipira, amanhecer dormindo
Acorda que está doente
Antes que o Sol vai surgindo
Já está firme no batente
Com muito, sem Deus é nada
Com pouco, fica contente
Na casa do caipira
Nunca falta café quente
Caipira com vaidade
Querendo ser diferente
Depois que foi para Cidade
Tem vergonha do parente
Deixando o veio para trás
O veio fica doente
Aqui tudo que se faz
Um dia volta para gente
O meu pai me dizia
Ninguém é mais que ninguém
Se pobre morre e fedia
O rico fede também
Acredito no ditado
Há males que vêm para bem
Se gosta de mim, eu gosto
Se não gostar, vai, amém
A verdade é um fio
Ligado na consciência
Se a carapuça serviu
Cuidado tome tenência
Se eu chupo de cabo a rabo
Matuto, por excelência
Eu sou feito um machado
Eu sou grosso de nascença
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