O Menino da Porteira
Mario Bimbato
Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino,
De longe eu avistava a figura de um menino,
Que corria, abria a porteira, depois vinha me pedindo:
"Toque o berrante, seu moço, que é pra eu ficar ouvindo."
Quando a boiada passava e a poeira ia baixando,
Eu jogava uma moeda e ele saía pulando,
"Obrigado, boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando",
P’raquele sertão afora meu berrante ia tocando.
No caminho desta vida muito espinho encontrei,
Mas nenhum calou mais fundo do que isto que eu passei:
Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei,
Vendo a porteira fechada, o menino não avistei.
Apeei do meu cavalo num ranchinho beira-chão,
Vi uma mulher chorando, quis saber qual a razão:
"Boiadeiro veio tarde, veja a cruz no estradão,
Quem matou o meu filhinho foi um boi lá do espigão."
Lá pras bandas de Ouro Fino levando gado selvagem,
Quando passo na porteira até vejo a sua imagem,
O seu rangido tão triste mais parece uma mensagem
Daquele rosto trigueiro desejando-me boa viagem.
A cruzinha do estradão do pensamento não sai,
Eu já fiz um juramento que não esqueço jamais:
Nem que o meu gado estoure, que eu precise ir atrás,
Neste pedaço de chão berrante eu não toco mais.
Comentários
Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra
Faça parte dessa comunidade
Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Mario Bimbato e vá além da letra da música.
Conheça o Letras AcademyConfira nosso guia de uso para deixar comentários.
Enviar para a central de dúvidas?
Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.
Fixe este conteúdo com a aula: