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Almas - Auta de Souza

Maurício Gringo

Ó solitário das estradas
Desventurado pensador
Há no caminho almas penadas
Que vão clamando desoladas
A dor e o pranto, o pranto e a dor!

Vós, que o silêncio amais no mundo
Em orações ao pé do altar
Sob as arcadas silenciosas
Almas feridas, desditosas
Oram convosco a soluçar

Ao descansardes, meditando
À sombra de árvores em flor
Sabei que às vezes sois seguidos
Pelas angústias dos gemidos
De almas chagadas no amargor

Clareie a luz do Sol-nascente
Negreje a treva na amplidão
Gemem na terra muitos seres
Pelos amargos padeceres
Depois da morte, na aflição

Dai-lhes dos vossos pensamentos
Consolação que adoce a dor
Dai um conforto à desventura
A prece cheia de ternura
Algo de afeto, algo de amor!


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