
Desencontro
Naeno Rocha
Às vezes olho para mim e não me vejo.
É comum eu me deixar por onde estive
E voltar pra me trazer e não percebo
Que ainda estou andando como se vive.
Acontece até de me afeiçoar
Por argumentos soltos eu me escoltar
Da companhia boa de quem me cobiçar
Da presença doce de um bem beijar.
Tomo em conta direções contrárias
Nas investidas tolas de partir e vir
Contrafazendo minha falta etária
Isto me faz um bem sentir e rir.
Onde anda o homem que esteve aqui
E suas invenções expostas na calçada
Antes do meu olhar sentir, fingir
Um gesto néscio intento impensado.



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