Carnaval

Carnaval

Eu sei que é cultura, eu sei que é diversão
Eu sei que rouba a cena, eu sei que é tradição
Eu sei que é batucada, eu sei que é sambão
Mas não perca de vista qual é a nossa condição

Batucada a milhão, compasso e firma essa cadência
Caixa, tamborim, capricha na aparência
E é só de aparência que eu devo viver?
Desaparece a aparência e me diga quem é você?
Não deixa cair, bumbo faz a marcação
Chora cavaco chora e explode o coração
Será que é só o cavaco que chora em fevereiro
Explode o seu saldo e lamenta o ano inteiro
Não tem preço não minha escola na avenida
Ensaia o ano inteiro não importa quem critica
Tudo bem não tem preço, mas cadê os seus valores?
Não enterre sua moral com quem não sente suas dores
É bela minha rainha e minha ala vem que vem
Agacha e mexe, rebola meu bem
Não sei se tá tão bem, onde tá sua família?
Não despreze quem preza e quem quer a sua companhia

Eu sei que é cultura, eu sei que é diversão
Eu sei que rouba a cena, eu sei que é tradição
Eu sei que é batucada, eu sei que é sambão
Mas não perca de vista qual é a nossa condição

Flor da pele, pele que exaure adrenalina
É só chegar chegando, meu bom, fica a dica
Que dica de mané, não caia na emboscada
Minutos de tesão e a alma mortificada
O que rolar rolou, sei lá com quem vai rolar
Consequência é outra história vem curtir e azarar
Azarar com quem, pra quê, qual é a fita?
É tudo passageiro com essa que te excita
É mês de fevereiro, é finalzinho de verão
Aflora a sedução e aguça a tentação
Abra o olho tiozão, não se venda facilmente
O pecado leva a morte, mano, consequentemente
Eu quero é mais, rabo de saia e uns goró
Chegar no meu extremo na carreira de pó
Não vai nessa não, não se jogue no ralo
Ainda tem retorno, não se afunde até o talo

Eu sei que é cultura, eu sei que é diversão
Eu sei que rouba a cena, eu sei que é tradição
Eu sei que é batucada, eu sei que é sambão
Mas não perca de vista qual é a nossa condição

Quantas mortes precoces, quantos jovens ceifados
Quantos passos incertos e o vírus proliferado
Quantos corpos sedentos deixando de lado a moral
Corpo quente, alma fria no ato sexual
Exploração de menores, o estrangeiro deita e rola
E nossas crianças valem menos que um dólar
Quarta-feira de cinzas será que é cinza pra quem?
Pro pobre coitado ou para aquele que tem?
Não se renda ao exagero, curta com moderação
Enquanto na vigília os crente tão em oração
Intercedendo a Jesus que o tire desse abismo
Cê não entrou na batucada, cê entrou no perigo
É falta de descaso com a saúde e educação
Esse papo é pra outra hora, vamo desfila povão
Quando passar a euforia, medite no que passou
Pese na balança e vê se ¬compensou

Eu sei que é cultura, eu sei que é diversão
Eu sei que rouba a cena, eu sei que é tradição
Eu sei que é batucada, eu sei que é sambão
Mas não perca de vista qual é a nossa condição