
Pausa Na Marcha
Rui Carlos Ávila
Meu verso boleia a perna
Na curva de um corredor
Um pôr de sol colorado
Veste de um gris azulado
A copa das corticeiras
Sangradas de seiva em flor
Meu verso cansado e triste
Avia o fogo em pesar
Esperando a noite larga
Mateio as ânsias amargas
Dos meus penares vaqueanos
Já gastos de tanto andar
(Meu verso amargo e solito
De tanto buscar sem ter
Vislumbrado, alvo, imponente,
Num sol vermelho nascente,
Beber água da vertente
Na luz de um amanhecer)
Meu verso encilha d'espacio
Na manhãzita um ritual
Como quem recorre um campo
Sem pressa por companheira
Assobiando uma coplita
Sem princípio nem final
Meu verso procura a volta
E senta o corpo nos bastos
Um largo fio de horizonte
Revolteia um pañuelo
Convidando um caminhante
À jornada retomar
(Meu verso amargo e solito
De tanto buscar sem ter
Vislumbrado, alvo, imponente,
Num sol vermelho nascente,
Beber água da vertente
Na luz de um amanhecer)
E meu verso encurta a rédea
Taloneia um mouro pampa
Como um gaúcho de estampa
No seu mistério de andejar



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