Minha janela não tem
Pão de açúcar ou corcovado
O meu maior vizinho
É o cantagalo
Me misturo
Caio dentro
Faço o meio-campo
Tô a margem
Tô por dentro da cidade
Minha janela não tem
Pão de açúcar ou corcovado
Meu maior vizinho
É o cantagalo
Me misturo
Caio dentro
Faço o meio-campo
Tô a margem
Tô por dentro da cidade
E nunca me contento
*poema*
Das rachaduras da cidade
Traço retas linhas feições
Das rajadas de metralhadora
Extraio poesia perversões
Num guardanapo sujo
Um traço e um garrancho
Dão o tom de esperança
Amanhã será melhor
Fotos se desprendem da memória
Pneu velho queima mais devagar
Quantos amigos já morreram
O que há pra comemorar
Partes de uma cidade
Falling apart
Coloco-me a parte
Rasgo o poema em dois
Por entre os prédios admiro a paisagem
Preso na parede
Do pouco que me resta
É o guardanapo sujo que me faz sorrir
Ao acordar
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