Meu Chão
Ademir do Cavaco
Meu Chão
Dá o fruto que Como
Dá a água que Tomo
Tem um duplo Poder
Nele brotam as Lágrimas
Entre flores e Espinhos
E nos diversos Caminhos
Um humilde Sorriso
Pra Oferecer
Na guerra da Terra
Vale o dente por Dente
A balança não Pesa
A polícia não Prende
Ouço o grito dos Ais
sinto-me Incapaz
vejo muitos com Pouco
Poucos com Demais
enxugue o sangue da Gente
O sem-terra Carente
Não tem ninguém pra Crer
E o pobre a Sofrer
Vive cultivando a Vida
Com a enxada Oprimida
Clamando Justiça
E colhendo o Morrer



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